Sunday, December 31, 2006

' LIFE

A vida é uma obra de arte. Palavras, traços, uma escultura, notas musicais, um passo de dança… Depende do artista, claro. E como em toda a arte, há ritmo, textura, movimento, ondulações, som, cor, imagem, mais ou menos harmonia, impacto, respiração, momentos mortos e de silêncio, espaço vazio, solidão, raiva, lágrimas, suor, saliva, ódio, paixão, encanto, sedução, martírio, desespero, gargalhadas, buracos negros, risos desencontrados, palmas, desencantos, aplausos, mimos, feitiços, emoção, nojo, sexo, magia, prazer, amor, (in)felicidades,… Vida. Toda a obra de arte como sinónimo de entrega. E alguns momentos de viragem. Correrias em pés descalços. Sonhos. Recordações de passado e futuro. Imundice. Demónios. Mantas. Jornais. Lanternas. Mato. ANIMAIS. Pessoas. Crianças, velhos, jovens, adultos, cotas, malta, idosos, miúdos.

A vida é complexa. Apesar de por vezes a complicarmos ainda mais, a minha opinião é que ela não é, de todo, simples. Não há nível de principiante.

A passagem de ano, por si só, não muda nada. É um dia tão especial como todos os outros. Mas pode, talvez, servir de pretexto. De rampa de lançamento. Ou de paraquedas. Colchão. Parapeito de janela. Corrimão. Ou balanço.

E corremos. Correremos sempre?

Thursday, December 21, 2006

Ano Novo

Para 2007 quero:
· Mais Galé
· Mais Parlamento dos Jovens
· Muitos dias em pijama
· Muitas viagens de comboio (e musicais, e compras, …!)
· Muitas noites de mensagens nos baloiços (mas sem cair!)
· Muitos After Eight
· Muitas tardes no Alfa
· Um curso de Inglês em Londres
· Um Campo de Férias no Alentejo nas Férias da Páscoa
· Viagens (a qualquer parte do Mundo)
· Boas notas (muito boas, de preferência)
· Muitos risos, gargalhadas, abraços, lágrimas, emoções fortes, mimos, reencontros com pessoas que já não vejo há muito tempo, reencontros com pessoas que estão mesmo ao meu lado, noites de saco de cama dentro de quatro paredes, treinos, festivais com carradas de gel e laca, carrinhas que há meia-noite não arrancam, banhos no mar em Fevereiro, pés com areia a serem lavados no WC do restaurante, praia, inspiração para os textos do blog, comments, jogos do Amigo Secreto, concertos (sem efeitos secundários), Tobias e Bernardos (o meu urso de peluche e o puto de 3 anos que não quer nada comigo), visitas de estudo, chá, intervalos do instituto ao Sábado de manhã, croissants de chocolate aquecidos, e todas, mas mesmo TODAS as surpresas que a vida tiver para mim =)

e quero, principalmente, ser tão feliz como fui este ano.

Sejam também felizes!

Wednesday, December 20, 2006

Ensaio sobre o Natal

Esta é para mim uma das épocas mais confusas do ano. Sou constantemente assaltada por sentimentos contraditórios que não me deixam formar uma opinião firme em relação a esta quadra.

Antes de tudo o mais, detesto-a. Abomino o Natal e todo o espírito hipócrita e consumista que o rodeia. Os programas ao estilo do “Natal dos Hospitais”, cujo único objectivo é o primeiro lugar no ranking dos mais vistos, as campanhas de solidariedade que só se fazem nesta época, como se no resto do ano não houvesse necessidade (e espero ter sido explicita, obviamente não me estou a referir aquelas que durante todo o ano desempenham um papel social notável), as autarquias e os seus jantares para pessoas idosas que passam a consoada sozinhas (como se o resto das suas noites não fossem preenchidas por uma terrível solidão), entre tantos outros exemplos que andam por aí, de cabeça erguida. Para além disto, os centros comerciais cheios, atafulhados de embrulhos e de gente parva (grupo no qual eu me incluo). O frio que nos gela os ossos e nos prende os movimentos mas de que toda a gente gosta porque “Natal sem frio nem era Natal”. O presépio, que a mim me tira do sério! Oh figurinhas sem utilidade que se tiram do caixote durante 15 dias!

Por outro lado, é impossível não gostar deste período em que temos pelo menos a ilusão de que o Mundo está menos mau. É certo que a maioria das coisas boas que se vêem por aí são nojentamente untuosas mas, já que ninguém se lembra das fazer noutras alturas, ao menos uma vez por ano. Melhor uma que nenhuma, certo? Além do mais, ter a família toda reunida à mesa, a nostalgia dos Natais passados, das pessoas de quem sentimos falta, mas que parecem estranhamente mais próximas, o amassar as filhoses à mão, as conversas que se têm, banais e boas, a excitação do papel colorido que envolve os presentes,… A alegria de se escolher prendas para os outros, as luzes de rua que até escondem as fachadas mal pintadas das casas, as mensagens carinhosas que recebemos, etc.

Não é por ser o nascimento de quem quer que seja, não é pela religião. É, talvez, pela tradição, tão forte como qualquer outra. Se as mentalidades e o panorama social são factores históricos estruturais, as tradições têm certamente um peso muito considerável.

Monday, December 11, 2006

Perfeição

Não é o facto de haver coisas perfeitas que me faz impressão. O que me incomoda é a pequenez das falhas que não nos deixam apelidar as coisas de perfeitas.

É esta mania da perfeição.

perfeito

adjectivo
que não tem defeito físico nem moral; completo; modelar; exemplar; belo; formoso; impecável; total; acabado; cabal; magistral.

(Do lat. perfectu-, «id.»)
© 2002 Porto Editora, Lda.

After eight… é só isso que nos falta.

Sunday, November 26, 2006

Chocolate


Eis que o seu poder me começa a possuir. Mergulho nele. Sinto todas as sensações a flutuarem, num mar castanho, cuja água, ao invés de me suprimir, me liberta.
Percorre o meu corpo, em frenesim. Entro em transe. Os olhos reviram-se e a saliva explode na minha boca como se de um demónio se tratasse. Viajo, sonho, encanto-me. Torno-me personagem principal duma roda de atracções e rebelião.
Ergo-me estátuas. Derreto-me em lume brando.
Vicio-me.

Sunday, November 19, 2006

Free Hugs

Free Hugs Campaign. Inspiring Story! (music by sick puppies)


Aqui está um vídeo que prova que se todos nos esforçarmos um bocadinho, o Mundo será NOSSO e não do cão.
Esta "campanha" começou com um só homem. Espalhou-se pelo Mundo inteiro (Espanha, Austrália, Nova Zelândia...). Há filmes com pessoas a abraçarem-se de todo o Mundo! Pessoas que não se conhecem a manifestarem carinho! Uma banda (sick puppies) fez este filme que passado pouco tempo já tinha sido visto por milhões de pessoas na Internet.

Free Hugs fez milhões de pessoas sorrir! Será que é possível ver este filme sem sorrir também e ter imensa vontade de abraçar alguém?

(Bestial, aprendi a pôr vídeos no blog!)

Thursday, November 16, 2006

A TUA vida

Saltando os pormenores do engate, casas-te.

Ao 1º filho ainda o amas. Ao assaltam-te as dúvidas. Aos 35 anos começas a perguntar-te com seria a tua vida se aos 17 tivesses tido mais “liberdade”. Ao 3º filho tentas, só para tirar as dúvidas, ligar ao outro, só para ver se ainda tem o mesmo número. Aos 40 pões um detective particular à procura dele enquanto cuidas dos génios. Ao 4º filho começas a escrever um diário e olhas-te todos os dias ao espelho na esperança de encontrar alguma borbulha ou ponto negro que se esqueceu de aparecer na adolescência. Aos 50 anos vestes a mini-saia da tua filha do meio (ou tentas) e pintas o cabelo de cor-de-rosa. Já para não falar do piercing que fazes no umbigo. Aos primeiros sintomas da menopausa largas tudo e partes à sua procura.

Por tudo isto, acho que devias sair com ele e só depois casares-te com outro.

Wednesday, November 15, 2006

Invernozinho


O Inverno começa a soprar os primeiros ventos frios. Devagar, devagarinho. Nevoeiro de manhã, uns pingos de geada que se vão formando ainda sobre o sol gelado do Verão de São Martinho. O casaco que vestimos sem dar por isso. O chapéu de chuva que agarramos no momento exacto em que saímos de casa.
Guardei um pouco de Verão dentro de uma caixinha às riscas. Uns grãos de areia, duas ou três conchas, uma brisa marítima suave, um top de alças e uns raios de sol.
Quando o Inverno estiver insuportável, abro a caixa, rebolo na areia, enfeito-me com as conchas, respiro a brisa (a custo, pelo nariz entupido), visto o top e bronzeio-me com os raios de sol.

O principal, no entanto, é o que guardo cá dentro. Este calor (dos risos que se choram, dos abraços, das alegrias puras) não deixará que o Inverno interior se apodere de recordações e sonhos vividos. E isso é que importa!

Tuesday, November 07, 2006

LADOS

Sorrisos iguais aos de ontem, risos iguais aos de amanhã. Lágrima ao canto do olho (ora de rebeldia, ora de ingenuidade profunda). Corpos que dançam e balançam.
Para cá, para lá.

Para cá, para lá.

Para cá, para lá.
Sonhos soltos, largados ao vento que os transporta.

De um lado, para o outro.

De um lado, para o outro.
Mais leves que folhas. E a existência humana, cada vez mais fragmentada, menos contínua.

ELE e a Carta

A concretização de um dos meus sonhos de “infância” dependia da maneira como um ministrasse ontem a minha hora de almoço.
As coisas começaram por não correr lá muito bem. Um atraso de 10 preciosos minutos no balneário de Educação Física, o maldito do telemóvel da Professora que deve ter ficado sem bateria (raio, estas engenhocas modernas que nunca funcionam quando são necessárias) e os hodiernos computadores da biblioteca todos ocupados.
Lá conseguimos que uma irmã de um amigo de uma amiga nossa, nos cedesse o lugar (nestas coisas, o que interessa são os contactos e conhecidos que se têm… ou fazem!). A carta lá saiu, mal ou bem, e imprimiu-se o primeiro rascunho.
O relógio do corredor dava as 14h30 certinhas! Ou seja, em vez de estar no corredor, eu devia era estar no outro pavilhão, à porta da sala, a mentalizar-me que vinha aí a nota do teste de História. Mas não, estava no corredor. E em vez de começar a correr, saltando obstáculos e abreviando caminho pelas escadas dos professores em direcção à B15, dirigi-me pacientemente para uma das (se não mesmo a) sala mais temida da escola.

Estava tudo a compor-se! Só faltava a aprovação final quando, de repente, surgiu o “_ O que é isso? Posso ver?”.
O meu coração caiu aos pés! Virámo-nos e dissemos “sim, sim, claro”. Daquelas situações em que a hierarquia de estatutos não deixa dizer que não.
Mas, afinal, não havia motivos para preocupações. Suspirámos, ambos. E após o suspiro, pedi licença para sair, a aula de História não podia esperar mais. O que me custou, deixá-Lo lá, sozinho, “entregue aos lobos”.
Agora, o meu sonho de infância dependia Dele, e só Dele. Recebi o teste, com o coração já nas mãos (afinal, confio nele, havia esperança suficiente para tirar o coração do chão) e esperei. Rezei (a Ele, que era o meu deus do momento, não aos deuses dos outros).

Eis que Ele entra pela sala com a carta nas mãos! “_ Assina aqui, é só o que falta”.

Sem palavras, a partir daqui.

PS- Já só falta o resto =)

Saturday, October 14, 2006

Eu e tu: Nós

Imagine, caro leitor, que ia descontraidamente pela rua, a pé, a caminho do emprego. Saiu de casa um pouco antes da hora, pelo que escusa de ter pressa. Cruza-se, naturalmente, com várias outras pessoas na mesma situação. Mal olha para elas: é a rotina, é o seu caminho diário, percorrido num passo marcado, olhando para o relógio de 5 em 5 minutos (gesto quase automático na nossa sociedade, mesmo aquando do uso da palavra “descontraidamente”), ou falando ao telemóvel com a mulher/marido com quem esteve nem há 10 minutos (que é, aliás, a média do tempo que passam juntos durante o dia), combinando quem é que vais buscar os filhos à escola.
Imagine, que fazia metade do caminho atrás de duas jovens de 16 anos, ambas aparentemente normais. Estranhava? Claro que não, provavelmente nem interiorizava o facto. Podia até tentar uma ultrapassagem ou acusar alguma expressão verbal desta juventude que todos dizem perdida. Mas não se perguntaria sobre a vida delas, se gostam ou não de estudar, se são felizes, se têm namorado e por aí adiante. A verdade é que nem ponderaria acerca da vida que aquelas duas jovens, para quem mal olhou, têm por detrás daquelas risadas que dão no meio da rua, daquela roupa com cores exuberantes que se usa agora, daquelas unhas pintadas de prateado, daquela mochila que se adivinha carregada de cadernos e livros da escola.

Imagine agora que ao seu lado caminhava alguém conhecido que comentava alguma coisa acerca das raparigas. “São filhas de fulano tal, diz-se que fazem tal tipo de coisas...” Bastaria isto para a sua mente formar uma opinião. Já não são duas simples raparigas que vão à sua frente no passeio. Afinal, “são filhas de fulano tal e diz-se que fazem tal tipo de coisas”.

Imagine, caro leitor, que em vez disto, tinha visto estas mesmas raparigas, por acaso, a brincar com bolhinhas de sabão no meio do jardim. Uma fazia-as, com um aqueles tubinhos que têm uma argolinha de plástico para onde se sopra e a outra corria atrás delas, rebentando-as com visível prazer. Uma situação de simples prolongamento da infância. Das duas uma: ou o leitor é uma pessoa agradável e de espírito aberto (e neste caso pensaria apenas “que bom que é ver pessoas felizes”) ou então, e peço desde já desculpas, é um retrógrado que acha que só as crianças pequenas é que têm direito a brincar (“Não terão nada para estudar? Esta juventude está cada vez mais atrasada… Cambada de gente maluca!”).

Imagine, desta vez, que as via a pedir um horário, claramente de um rapaz, a uma funcionária da escola.
“ _ Senhora Funcionária, tem que nos fazer um imenso favor… Acha que podíamos ver o horário da turma X?”
Ou então, em cima de uns baloiços, com uns binóculos, a observar esse ou outro rapaz. Ou a discutir qual seria a melhor forma de o abordar (“_ Deixo cair os livros ao pé dele? Pergunto-lhe as horas? Peço-lhe dinheiro?”). Ou a subir as escadas do pavilhão da escola, numa correria digna de medalha olímpica, para não o perder de vista.
O que pensaria nestas situações? Provavelmente qualquer coisa dentro do género “no meu tempo não era nada disto”, num tom que pode ir da melancolia à censura.

Imagine, só para acabar, que as via a discutir uma proposta de lei, a apresentar no Parlamento dos Jovens (Jogo da Cidadania). Meninas interessadas por política. A falar com um certo brio, convicção, entusiasmo. E agora? Ia gostar, não? Ainda há alguns jovens que se safam, que percebem alguma coisa do mundo que os envolve.

Imagine que eu chegava aqui e dizia simplesmente: “Há duas jovens de 16 anos que têm apenas um tema de conversa (tirando os outros todos), caem a andar de baloiço e são um bocadinho estranhas demais para o conceito de normal. Mas são felizes, no geral, passam uns bons bocados juntas e riem que se fartam”.
E agora, diga-me você, caro leitor, que ideia tem destas jovens?

Tuesday, October 10, 2006

8.30 da manhã

Primeira hora da manhã. Uma soneira incontrolável. Cheguei à aula, atirei a mala para o chão com um encolher de ombros completamente conformista, sentei-me sem tirar o casaco e saquei do dossier, só para não perder aquele ar de aluna aplicada com vontade de aprender.
Deitei metade do corpo em cima da secretária (o corpo todo, que era aquilo que dava vontade, também era capaz de ser um bocado demais), pus a mão à frente da boca a disfarçar um bocejo, apoiei o cotovelo na mesa e a cabeça na mão e preparei-me para deixar o espírito vaguear, centrando-se em tudo menos na aula (não convém é dizer o nome da disciplina), desculpando-me mentalmente com o típico slogan “tenho tarde livre, depois revejo isto tudo em casa e amanhã estou pró na matéria”. E comecei a tal actividade acima referida, acenando de tempos a tempos com a cabeça, para dar a tal ideia da aluna aplicada, intercalando os acenos com um “sim, sim… tem razão” e um sorriso triste ou divertido, consoante a expressão do/a professor(a).
Estava eu a meio do processo, quando sem me aperceber começou uma guerra acesa na minha cabeça. Entre o meu lado bom (sim, porque eu também tenho algures um lado bom) e o mau. Alegoricamente, o meu Anjinho e o Diabinho. Com o Diabo do lado direito, é bom deixar claro.Seguiu-se um diálogo francamente anómalo:
“Francamente Ana! É uma oportunidade fabulosa, esta de aprender, e sabes bem que há milhões de meninos no Mundo que davam tudo para a ter. Não tens vergonha?” _ Anjo
“Não tenhas! És adolescente, está na tua natureza sonhar acordada. Além disso, estudas em casa e tiras as dúvidas na próxima aula, qual é o problema afinal? Não é crime ter sono, que eu saiba…” _ Diabo
Sorriso reprovador do Anjo: “Esforça-te lá um pouco! Os teus pais e professores acreditam em ti e estão a fazer tudo ao seu alcance para que sejas bem sucedida. É importante estar com atenção, sabes que em casa não aprendes tão bem…”
Gargalhada irónica do Diabo: “ Que drama tão grande, é só uma aula, não vais reprovar o ano por isso! Sonha lá um bocadinho rapariga… Não deixes que ele (o Anjo) te deixe levar a vida tão a sério. Tens tanta coisa para imaginar…”
Os argumentos caíam como que em catarata. De tempos a tempos o Anjo ajeitava a auréola, como se esta fosse um aparelho de comunicação e a frequência estivesse baixa, lançava-me um sorriso de censura, puro e sem pecado original à vista e ajeitava as asinhas, tão brancas que só mesmo com Neoblanc… O Diabo, sacana por natureza, com a típica forquinha afiada que lançava raios vermelhos ao Anjo (que ia voando de um lado para o outro, para escapar, em vez de investir também), sorria para mim como que a dizer “Ah marota!” e a abanava a cabeça em jeito de aprovação. E eu sentia-me perdida entre os dois. Limitava-me a ouvir, a olhar de um lado para o outro e a concordar com um até ouvir o outro e mudar de opinião.
Estive assim, entre lá e cá, entre o Céu e o Inferno, até ouvir o professor(a) dizer: “Bem, está na hora. Podem arrumar e sair. Não se esqueçam de rever a matéria em casa”.
.
A verdade é que me senti frustrada. Por causa daqueles dois imbecis, em 90 minutos não fiz absolutamente nada. Nem sonhei em condições (aqueles sonhos que uma adolescente deve ter, estes absurdos não contam) nem ouvi a matéria.

Thursday, October 05, 2006

Operação Deletar

Tinha o dedo encostado à maldita tecla. Ela, não eu. E encontrava-se naquele impasse terrível do “carrego ou não?”.

Carregou e aquilo “foi tudo pelos ares”. Sumiu, deu de frosques. O que uma simples tecla pode fazer! Com um simples dedinho tinha-se livrado de tudo. TUDO!

Operação deletar concluída com sucesso!

Eu deleto
Tu deletas
Ele deleta
Nós deletamos
Vós deletais
Eles deletam

Novo verbo. Uma questão de neologismos, a língua não está parada nem morta.

Mas depois, quase logo, lembrou-se que ainda estava tudo na reciclagem!

Tuesday, October 03, 2006

Sequência de vida

“Se não me largares agora, chego a casa tarde e não tenho tempo de estudar História, tiro má nota no teste, não entro na Universidade e quando der por mim estou na caixa do Intermarché a comer chocolate, fico gorda e deprimida, não faço bem o meu trabalho e sou despedida”.

:S
PS- Confessem, esta sequência já é quase uma lenda (ia para dizer mito mas depois apercebi-me do fundo de verdade disto tudo…)

Mas vocês só querem aquilo que não podem ter?

Quando se pensam nos amigos, pensam-se nos bons momentos que se passam com eles. Foi isso que aconteceu agora. Em vez de estar concentrada no Antigo Regime e nas monarquias absolutistas, deu-me para dissertar sobre uma coisa que me disseram há uns tempos, quando estava a falar com umas amigas sobre um actor conhecido (aquelas conversas parvas e boas que se têm na adolescência e deixam os rapazes do grupo sem saber sobre o que falar): “mas vocês só querem aquilo que não podem ter?”.
Bem, somos assim, não é? Não queremos só o que não podemos ter, mas chegamos a querer muito aquilo que está, realisticamente, fora do nosso alcance. É por isso que criamos ídolos, que sonhamos desmedidamente, que fantasiamos sobre coisas que nunca contaremos a ninguém. Não são objectivos: nem sequer ambições. E também não é realmente aquilo que queremos. Mas sabe bem imaginar uma vida que não é a nossa: afinal, quem não gostava de viver várias vezes? Não podendo, ao menos vivemos “outras vidas” nas asas da imaginação…

PS- Mas sim Catarina, casava-me com o homem! =)

Saturday, September 23, 2006

Parar é morrer...

Não tenho postado porque não tenho, infelizmente, assunto.

Podia escrever sobre o Mundo, mas ultimamente ele parece-me um lugar tão longínquo que não tenho forças para isso. Continuo a preocupar-me, a ler o jornal e a ver as notícias na TV mas são só relatos do pior que há no ser humano e portanto pouco há a dizer sobre isso: quem quiser, informe-se. É quase sempre a mesma coisa, só muda o cenário, as personagens e a forma de violência.

Para escrever sobre mim também não vale a pena. Não tenho nada de interessante para contar e estou a aprender a lidar com o problema de excesso de tempo, com o qual nunca me tinha deparado. Já só tenho duas noites ocupadas por semana e duas actividades extra-curriculares. Duas aulas de Instituto e um treino de Patinagem. Dantes queixava-me do excesso de trabalho, agora acho que isso é exactamente o que uma rapariga de 16 anos precisa (dentro de certos limites, obviamente). Como diz a minha amiga Rosa dos Ventos, “só damos valor aquilo que não possuímos”.
Quando andamos atarefados, com stress (que contrariamente ao que seria de esperar é uma coisa que eu adoro), sob pressão, os dias acabam por esticar. As coisas têm que ser feitas e portanto não têm outro remédio senão saírem à primeira e saírem bem. Quando temos muito tempo, deixamos andar, acabamos por adiar e nunca nada sai tão perfeito. Sem tempo não podemos ceder a pequenas depressões, não nos tornarmos tão egocêntricos, não pensamos tanto no que não devíamos. Não vemos programas estúpidos de TV, não ficamos viciados em Internet ou noutra coisa qualquer e damos muito mais valor ao tempo que temos para nós e para os outros.

Tenho mais dificuldades de concentração, mais dificuldades na organização do horário, o corpo ressente-se e custa mais a adormecer. Excesso de energia acumulada, já ouviram falar?

A verdade é que parar é morrer. Aos poucos, mas morrer. Quando menos actividades temos, menos interessantes somos, menos pessoas conhecemos, menos aproveitamos os dias, … and so on.

Sunday, September 10, 2006

Passado um ano

Como é que conseguimos conter tanta força numa existência tão frágil?

Porquê a morte algo tão doloroso? Aos 16 anos, encaro-a como o saber de antemão que vou sentir muitas saudades.

Guardo-te aqui dentro (e aqui estás bem).

Thursday, September 07, 2006

Um bocadinho só comigo

Deixo-me estar assim, sentada na janela do meu quarto, até a luz da noite me envolver completamente. E experimento uma paz interior única. Oiço o mundo lá ao longe e a natureza aqui muito perto… Sinto frio nas pernas, até deixar mesmo de as sentir, e calor no peito, bem junto ao coração. Sinto lágrimas a rolarem pelas faces e um sorriso no rosto.

Passa um carro, na rua de trás, e a magia quebra-se por instantes.

Volta tudo ao mesmo. O mesmo silêncio de fundo do qual faz parte o som suave do vento e das árvores, o uivar dos cães ao longe, os sinos da Igreja (pergunto-me de qual Igreja serão estes sinos que acabaram de tocar),... E a mesma paz.

Banhos de Lua

A lua esteve, esta noite, mesmo em frente à minha janela… E eu, em vez de voar até ela, limitei-me a observar a sua beleza cá de baixo.

« »

Parte de uma carta que a Catarina me mandou há muito, muito tempo. Aliás, parte do envelope. Mas ela também transcreveu de outro lado qualquer…

«Once upon a time, in a school of far far away, a little girl received a letter without name... But there was a secret... The letter contained a spell... And the girl cound't be love by anyone till the day she got a kiss from the Prince Charming, who was supposed to be, her real love for all the rest of time. That day never came and the girl live sad and unhappy, not like in all other stories where they live "happily after ever"

Wednesday, September 06, 2006

Apenas algumas palavrinhas

A inspiração falta. Os temas escasseiam.
E eis que, num repente, voa uma frase solta que sai cá de dentro directamente para o papel. Mal passa pelo braço: escreve-se a si mesma, impõe-se. Martela-me o espírito, dias a fio. Mas não se desenvolve. A fonte que a deitou cá para fora, assim como surgiu por impulso, seca sem justificação. E fico à espera do que não virá. Passo com a caneta, vezes e vezes sem conta pelas letras já desenhadas, até mal se puder ler o que está escrito por detrás daquele emaranhado de linhas. Mas não sai mais nada. E acabo por deixar a coisa assim. É simples, é pouco, mas é a descrição exacta daquilo que se passa no meu coração.

Passos em areia virgem

Apetecia-me encontrar-te de novo, no caminho…

Há momentos que apesar de efémeros, são eternos.

Monday, September 04, 2006

O recomeço

Começou Setembro, e com ele, aquele friozinho na barriga do início de aulas. Apesar de haver alturas no ano em que o nego veementemente, o certo é que a escola exerce sobre mim um fascínio incontrolável. O cheiro dos livros por estrear, as canetas que ainda não foram usadas, o dossier com as suas folhas virgens… E ver como no final do ano tudo isso está tão diferente, tão “mais meu”, tão únicos… Cresce então em mim aquela ansiedade de os preencher, de os trabalhar, de os singularizar perante os outros milhares de livros e dossiers, neste momento, iguais aos meus.

E que pessoas e acontecimentos novos me reservará este 11º ano? Novos colegas, novos professores, novo horário, novos desafios estudantis, rever os amigos naquele curto intervalo de 15 minutos, correr para não chegar atrasada, empregar toda a minha energia num só dia e chegar a casa e cair na cama, exausta.

Sunday, August 20, 2006

Senhora Presidente

Tenho acompanhado com muito interesse a série Senhora Presidente (todas as 4º-feiras, na SIC, as 00h30). É sem dúvida muito agradável ver boa política na televisão, nem que seja numa série de ficção.

(O número de pessoas que dizem vir ao blog cresce e a responsabilidade aumenta. Irei certamente voltar a escrever sobre esta série, que é de momento, a minha favorita. Aceitam-se sugestões para temas de discussão).

Marcelo Caetano (o homem ou o político?)

Faria agora, por estes dias, cem anos. E vimos as televisões e todos os outros meios de comunicação social relembrá-lo apenas enquanto homem. Depois da entrevista à filha, na estação pública de televisão, fiquei a pensar na coisa. Falamos sobre isso, cá em casa. E ontem tive oportunidade de ouvir grandes homens falar também sobre isso. E pude concordar com eles.

Obviamente que por detrás de cada político, professor, operário, manequim, ou qualquer outra profissão, existe sempre um Homem que não pode ser esquecido enquanto ser humano que é. No entanto, se hoje estudamos e relembramos os tempos de Marcelo Caetano não é por ele ter sido o homem que foi mas sim, pelo cargo que exerceu. Homens há milhões e não os estudamos a todos. Este de que estamos a falar foi um ditador, um criminoso. Esta é a verdade nua e crua. Foi isto que marcou o povo português e a sua história.

Não gostei da maneira como a entrevista foi conduzida.

Fragmentos de Poesia (histórias que eu gostaria de ter vivido...ou de vir a viver)

(Escrito após a leitura de três ou quatro bons romances. É do que tenho lido mais, exceptuando as segundas leituras do Daniel Sampaio e um ou outro romance político e/ou histórico)

Quando a sociedade dita as regras, quem sou eu, um mero peão num enorme jogo de xadrez, para me opor?
Estás longe mas sinto-te perto. Outras vezes há, porém, e bem mais dolorosas, em que estás perto mas te sinto longe. E é destas vezes em queria tocar-te mas não posso, nem em pensamento. Porque as regras não deixam. Sobe então em mim um desejo incontrolável de gritar, como se o meu grito (o mais potente do Mundo), conseguisse abafar todas as outras vozes que falam baixinho e que magoam, magoam, magoam. No entanto, não consigo fazer com que o grito chegue ao coração e portanto, falho.
Olho para ti, nem que seja em pensamento, e sonho em tocar-te. Em possuir-te, nem que seja apenas por um instante. Apenas para ter o que recordar.
Não posso e sei que não posso. O teu olhar relembra-mo. Como poderia ter-te apenas por um momento se te quero para toda a vida?
E eis que tudo se torna claro! Se fosses meu, não havia esta magia construída apenas na base de sonhos. Vou parar de sofrer.
Vou aproveitar todas as regras contra, todas as distâncias, todos os “não”, todas as dores, todas as alegrias, todas as lágrimas, todos os sorrisos para criar mais e mais magia.

Thursday, August 17, 2006

Motivos de Ausência

Não tenho escrito por motivos de força maior: férias. Estive na Vieira em casa da Pipa (a minha companheira das viagens). Ontem escrevi um texto mas ainda estou a decidir se o posto ou não. Depois de vê.

Fui à estreia da peça “As pegadas dos Dragões”. À parte de alguns pormenores técnicos que não me cabe a mim comentar, gostei muito. Bonita história, bonita sequência, bonita paisagem. Muito bem imaginado. Claro que a Andreia Magalhães se destacou no elenco!

(A quem for, aconselho muitos, muitos casacos. É melhor deixarem a roupa das festas para outra ocasião! (Private joke))

Monday, August 07, 2006

Pormenores

Nem tudo o que é belo ostenta. A visão é um sentido extraordinário mas demasiado imediato e com algumas dificuldades de concentração. O verdadeiro sentido da vida está em encontrar a beleza que se esconde no rebentar das ondas, na brisa marinha, no calor das luzes das estrelas, no som de um sorriso, no sabor do vento, nos pormenores…

Quero voltar...

Há coisas que não se escrevem num diário. São demasiado preciosas e ao serem descritas perdem encanto. Porque são para serem vividas, não contadas. Além do mais, o egoísmo impede-nos. Há coisas que são “demasiado nossas”. Quem não esteve connosco no momento, não as percebe. Pode até acenar com a cabeça e dizer “que giro” mas não viu o ambiente, não conhece as pessoas e os seus jeitos e maneirismos, não sentiu o odor nem viu as cores de tudo aquilo em que tocámos, de tudo o que vimos, de tudo o que sentimos.

Não vou descrever a minha estadia na Galé. Não tenho capacidade para tal e o que se vive num mundo à parte deve permanecer à parte. Mas posso tentar descrever o que senti. Há uns tempos achava o Alentejo uma das zonas menos desenvolvidas de Portugal. Agora, acho o desenvolvimento relativo. As pessoas são amáveis e lindas em todos os sentidos, abertas e com “qualquer coisa especial” que as torna atraentes enquanto seres humanos.

O céu, o mar, as árvores, as estrelas cadentes naturais e com espelhos (como tu Di, a quem basta correr =), o miradouro, as tendas, a esplanada, o self-service,as latas, os donuts de chocolate, os copos de coca-cola com números de telemóvel, o guardapo do email do grilo e o "muito agradecidas", a encosta, o atalho, o acolhimento das meninas do ballet e da Rita… Fora o resto

Sunday, August 06, 2006

O regresso

Voltar de férias é do pior. Uma pessoa vem terrivelmente mal habituada e como um humor que ultrapassa o péssimo. Depois de quase 15 dias maravilhosos querem que enfrente Ourém com que cara? Fechei os olhos quando o carro arrancou e deixei de ver o parque de campismo. Voltei a fecha-los quando o avião ganhou asas. E só não entrei em casa ás apalpadelas porque corria o risco de bater com a cabeça nalguma parede. Sim, porque não tenho a certeza de ainda me lembrar dos cantos todos da casa. Esforcei-me imenso para os esquecer, verdade seja dita.

Qual é que era a solução Diana? Uma semana trancadas no quarto, a olhar para as recordações e a chorar desalmadamente, em depressão profunda. Entreabrir depois a porta e passar mais uma semana a chatear toda a gente no MSN, deixar comentários e posts a falar sempre do mesmo e não mudar o nik durante um mês. E depois a vida há-de tomar o seu rumo…

Vou agora postando umas coisas que escrevi enquanto estive fora. E vocês? Que novidades têm para partilhar? Se por acaso isto (Ourém, Portugal, o Mundo…) não tiver mudado nada enquanto estive fora, façam o obséquio de não comentar a dizer isso

Saturday, July 22, 2006

Já posso ir presa!

Fiz hoje 16 anos. E constatei que quando começo a ter idade para fazer asneiras legalmente, começo também a ser legalmente responsável pelo que faço e a responder por mim e pelos meus actos. Ou seja, tenho idade para beber álcool e entrar em discotecas e bares… mas tenho também idade para ser presa! Resumindo, se não me portei mal até aqui, é melhor que continue assim.

Adorei a festa surpresa. Foi tão bom! E acho que todos nos divertimos imenso. Agradeço em primeiro lugar aos meus pais e à minha mana e depois à Carolina, ao Nuno, ao Hugo, à Pipa, à Leonor, à Di, à Catarina… e a todas as pessoas que estiveram por detrás disto. É claro que a minha inocência não me permitiu desconfiar de nada…

Vou de férias. Parto 2º (dia 24) para a costa alentejana, com um grupo de amigas e dia 26 embarco noutra… aventura, se é que assim se pode chamar. Depois conto tudo, com detalhes. Até lá, o blog vai estar parado. Espero imensos comentários quando chegar! Boas férias a todos! (Sorriam, riam, divirtam-se… e depois venham aqui contar como foi. Certo?)

PS - A propósito, o telemóvel vai estar desligado até dia 6 de Agosto. Vou aproveitar para travar batalhas longe de multidões e analisar as já travadas. Para além de descansar e reunir forças para mais umas quantas.

E vergonha na cara, não?

Vejam só esta: “(…) prova de exame inédita e desconhecida, logo, o mínimo que podíamos fazer era dar-lhes uma segunda oportunidade”. Adivinham o autor da frase?

Monday, July 17, 2006

Sistema de ensino _ Exames Nacionais

Hoje dei por mim a pensar no sistema de ensino português e em tudo o que ele implica. Como aluna parece inadmissível ser a favor dos exames nacionais, no entanto, num sistema como o nosso, não me parece que outra coisa fosse praticável. Como é que se seleccionariam os alunos na entrada ao ensino superior? Apenas com as notas de frequência? Parece-me pouco. Confio nos nossos professores (ao contrário do próprio Governo que bem se tem esforçado por mostrar o contrário) mas até pela questão das escolas privadas e semi-privadas, a nota de disciplina não seria decerto suficiente. Os exames são uma solução rude: alunos a serem avaliados por professores que não conhecem a pessoa que estão a avaliar é reduzir completamente os alunos a números que muitas vezes nem correspondem à verdade. No entanto, há alguma solução viável para acabar com os exames ou lhes atribuir menos peso?

Claro que há! Simplesmente o problema não está nos exames. Está no sistema! Em Inglaterra os alunos têm desde o primeiro dia de aulas um processo no qual constam todas as suas avaliações, todos os registos das actividades em que participaram, descrições das suas capacidades e características feitas pelos professores, etc. Lá, os alunos não chumbam. Têm más notas, isso fica registado e a vida continua a correr. É com esse dossier que os alunos concorrem à Universidade. Enviam cópias para as Faculdades a que gostariam de pertencer e são seleccionados não só pelas suas notas, como também pelo conjunto das suas capacidades gerais. Ou seja, as Universidades não seleccionam apenas números mas também pessoas! Em França os alunos podem escolher a sua área de estudo apenas dentro das suas capacidades. Afinal, o que é que um aluno de nível dois a matemática no ensino básico vai fazer para a área de Ciências e Tecnologias? Deveria ser encaminhado ou para outro curso científico ou para um curso tecnológico. Assim, chegada a altura da ingressão ao ensino superior a selecção é mais fácil, uma vez que os alunos já foram previamente colocados na sua área de capacidades. Na Suécia, todos os testes são globais.

Assustei-me com os resultados dos exames de 9º ano. Aliás, acho que as notas não foram boas em nenhum ano (9º, 11º ou 12º), no geral. Programas novos a serem testados sem que os alunos tivessem previamente acesso a uma prova modelo, critérios de correcção sem nexo absolutamente nenhum, …este ano os exames foram uma vergonha! E depois queixam-se que o país não avança! Será que ninguém percebe que a base de tudo é a educação? Acho gravíssimo terem sido encontrados erros em exames. O futuro de milhares de jovens depende deles. E a nossa arrogante Ministra da Educação não foi sequer capaz de se dirigir ao país, pedir desculpas, prometer que os responsáveis iam ser encontrados e punidos e que estes resultados iam ser analisados. Oh, mas isso era pedir de mais! Ela não foi sequer capaz de assumir os erros! Está certo que não foi ela a fazer os exames. No entanto, ela é a responsável máxima pela educação em Portugal e tinha que ter assegurado que os exames iam ser revistos o número de vezes necessárias. E porque é que agora apenas deixam repetir dois exames, podendo os alunos concorrer com as notas da 2º fase à 1º das Universidades? Houve maus resultados em todos os exames! Que dêem ao menos uma razão válida… (Já estou a imaginar a confusão que vai ser este ano a entrada no ensino superior!). Já agora, outro pormenor: os exames da 2º fase já estão prontos. Aliás, os exames da 1º e 2º fases são feitos ao mesmo tempo. Quem garante que não têm também erros?

Sinceramente, acho que tudo isto demonstra uma falta de respeito enorme para com os alunos.

Friday, July 14, 2006

Analogia á existência

Estou exausta. Tenho travado muitas batalhas cá dentro.

(Analogia como relação de dependência mais do que de semelhança).

Monday, July 03, 2006

Um bocadinho de oportunismo...

Vamos Sócrates, aproveita até quarta-feira para tomar as medidas polémicas. Vá lá, aproveita agora que ninguém te liga, o povo português tem mais que fazer do que se revoltar contra o teu governo…

Saturday, July 01, 2006

Meias-Finais

Grande jogo! Incrível, até eu vi e sofri da segunda parte para a frente! O Ricardo portou-se bem, não há dúvida. O mérito é dele. O próximo é contra a França? Ui, até já me está a doer…

Mutilação Genital Feminina _ Waris Dirie, uma flor em pleno deserto


Acabei agora o livro “Aurora no Deserto”, de Waris Dirie, continuação de “Flor do Deserto”, da mesma escritora. Os livros são basicamente um relato vivo e bem escrito da vida de uma menina nómada, que nasceu e viveu no deserto africano, mais propriamente somali, e que fugiu a um casamento com um homem que tinha idade para ser seu avô. Passou por provações desumanas até que se encontrou sozinha em Londres, sem falar inglês, sem dinheiro, parentes, amigos, comida… Parece, no entanto, que o destino lhe reservou uma missão maior que si mesma. Tornou-se uma modelo famosa e uma porta-voz dos horrores por que passam as mulheres do seu país. Descreve na primeira pessoa a pior das mutilações genitais femininas, a circuncisão faraónica ou infibulação, que consiste na extirpação do clítoris e dos lábios internos da vagina, sendo a ferida cosida, deixando apenas uma abertura do tamanho da cabeça de um fósforo para a menstruação e urina. As condições em que esta “cirurgia” é feita são absolutamente monstruosas. No caso de Waris, em pleno deserto, sem anestesia, com objectos cortantes que não foram esterilizados, feito por uma mulher sem formação, enfim, com todas as condições propícias aos vírus, infecções, doenças mortais. E o facto é que o número de vítimas desta prática é assustador.
No entanto, estes dois livros são maravilhosos de ler, na medida em provam que é possível amar um país sem, porém, concordar com as suas tradições. Waris pertence a África, à Somália, ao deserto. Ama aquele modo de vida nos mais ínfimos pormenores, ama aquelas pessoas e transmite-nos todo esse amor. Mas sabe que a evolução do seu país passa antes de tudo mais pela mudança de mentalidades. Enquanto os homens não aprenderem a olhar as mulheres como semelhantes, enquanto não perceberem que elas nascem assim por alguma razão e que mutilar não é purificar, enquanto todos os somalis não se unirem esquecendo clãs, a Somália continuará miseravelmente pobre e as condições de vida das populações continuarão tristemente más.

No Mundo as coisas também são um bocadinho assim. Enquanto os Homens não começarem a olhar as coisas como um todo, alargando o horizonte para além de países e nações, enquanto que não percebermos que somos todos Seres Humanos e lutarmos todos para o bem comum, o Mundo não avança. Se fomos capazes de pôr um homem na Lua, então também somos com certeza capazes de acabar com a guerra, com a fome, com a pobreza mundial.

Waris foi nomeada, 1997, embaixadora da ONU para os direitos das mulheres, na luta pela eliminação da prática da MGF.

Wednesday, June 21, 2006

Fim das aulas

Está a acabar. Falta uma tarde e a parte chata que é a ânsia pelas notas. Para além do exame a TIC (por opção…ou melhor, por opção a não aceitar que a nota vinculativa de uma disciplina à qual desconheço interesse me estrague a média). E vai haver a questão dos “dez virtuais” e todas as injustiças adjacentes. Mas claro, está a acabar a parte deste ano. Porque a história é sempre a mesma. Quando dizemos “a escola acabou” queremos na verdade dizer que “a escola acabou este ano”. Ainda faltam dois anos de Secundário mais a Universidade (sem contar com o sem número de coisas que teremos que aprender pela vida).

Era suposto ser um post sobre o fim das aulas. Lamento mas não vai dar. Estou cansada, sem inspiração e ainda não me libertei do stress dos últimos dias. De qualquer maneira, boa sorte a toda a gente que tem exames, nomeadamente a malta do 12º com a questão das Universidades.

E pensar que lá para meados de Agosto vou ter saudades disto… Não tenho emenda!

Saturday, June 10, 2006

1º Divisão

1º Divisão! A Juventude Oureense está na 1º divisão do Campeonato Nacional de Hóquei Patins! O sonho de muitos foi tornado realidade… Eu tenho a honra de pertencer a este clube, embora noutra modalidade. Muitos parabéns a toda a equipa de séniores, a todos os que torceram por eles, a toda a Juventude Oureense.
(Um abraço especial para o Nuno Silva…Nuno, estás de parabéns).

PS- A patinagem vai ter no próximo fim de semana uma atleta a competir nos nacionais de 1º categoria. Carolina, tas lá miúda!

Friday, June 09, 2006

E assim se faz política

Sinto-me no direito de dizer: Portugueses, tirem o dia para ir ver o Mundial! Se os Deputados podem adiar plenários…

Tuesday, June 06, 2006

A condição da mulher

Pôs o véu e procurou o irmão. Estava pronta para sair. Assim, igual a tantas outras mulheres de “face negada”. Assim, sem poder ser Ela, sem se poder afirmar. Assim, acompanhada de um elemento do "sexo forte". Porque Ela era apenas Ela. Do ponto de vista legal nem sequer existia, não tinha direito a ser registada à nascença, durante a vida, ou à morte.

“(…) Samira fora condenada, pelos homens da sua família e da sua religião, a ficar fechada num quarto escuro até a morte a levar. Samira tinha vinte e dois anos.”

Compreendo que haja culturas diferentes e respeito-as. Mas é impossível aceitar práticas que violam o mais básico dos direitos humanos, que simplesmente ignoram a dignidade humana. Recomendo os livros: “Sultana”, “As filhas da Princesa Sultana”, “Deserto Real”, “Flor no Deserto”, “Face Negada”, entre outros que há sobre este tema.
Quanto tempo pagaremos pela maçã amaldiçoada da Eva? Este é um tema que me choca. Como é que coisas destas ainda acontecem?

Do outro lado do Mundo, uma outra Ela levantou-se e saiu. Desta vez, porém, sem véu ou Homem.

Timor Loro Sa'e

Há uns anos, quando a guerra atingiu o auge em Timor, a minha mãe comprou-me uma t-shirt que apelava, em letras garrafais, para serem vistas, à liberdade timorense. Apesar de não ter a consciência das coisas que tenho hoje (como daqui a uns anos não terei certamente a de agora) senti que na minha insignificância estava a fazer alguma coisa. A defender, de alguma maneira, aquilo que pensava. Mas, depois de reflectir um bocado no meu gesto, cheguei à conclusão que não estava a ajudar coisa nenhuma. Ás pessoas de lá, que diferença fazia uma rapariga de 9 anos, do outro lado do Mundo, andar com a liberdade por que tanto ansiavam na camisola? Porém, não a despi… Ao menos mostrava ás pessoas da que eles precisavam de nós.
Hoje percebo o porquê de me ter sentido bem naquela t-shirt. Se fosse eu, gostaria certamente de saber que havia pessoas no Mundo que compreendiam a minha causa.

Acho que está na altura de voltar a tirar a camisola da gaveta…

Thursday, June 01, 2006

Eufemismo a uma noite de insónias

Caí na cama, exausta. As coisas más, quando já estamos a contar com elas, mais do que doer, moem por dentro. Deitei-me em posição fetal e embalei o meu corpo com carinho. Embalei, embalei, embalei… E fiquei assim até de manhã.

(Até onde nos pode desiludir uma pessoas?)

Acrobacias

Agarraram em mim e viram-me de cabeça para baixo. Quando voltei a ter consciência do que se passava, tinha dado três voltas no ar e estava caída no chão, de bruços.
A um grito de dor e uma ameaça de morte, obtive a resposta: “Para o lugar! Quero acabar esta coreografia hoje”. Meti o rabinho entre as pernas (desculpem a expressão) e limitei-me a acatar com a ordem do meu superior.
Efeitos secundários? Quase nenhuns, se ignoramos as nódoas negras nos joelhos, os cotovelos arranhados e o torcicolo que não me deixa virar o pescoço.

Dia 24, pelas 20h, pavilhão municipal, festival de patinagem artística (ou…acrobática?). Estão todos convidados, depois confirmo a hora. Isto claro, se sobreviver até lá.

Não há dúvida que o desporto faz bem… Quanto mais não seja, à alma.

Dia Mundial da Criança*

Não podia deixar de assinalar este dia. Felizmente, a criança que há nos meus olhos cada dia brilha com mais intensidade. Ser criança… Um privilégio, uma arte. Assumam-se crianças do Mundo!

Wednesday, May 31, 2006

Momento de cepticismo

Quando questionado acerca da III Guerra Mundial, Einstein respondeu simplesmente: “Acerca da III Grande Guerra nada sei, mas a IV será certamente com pedras e paus”.
O Homem cada vez descobre formas mais atrozes e cruéis de se matar. Começámos com pedras e paus afiados, evoluímos para balas e daí para bombas nucleares e de hidrogénio e receio que estejamos a entrar na era da guerra biológica e química em que um simples vírus poderá destruir populações inteiras. Há-de haver um momento em que voltaremos ao zero, se tivermos uma hipótese de voltar ao início. Teremos? Melhor mesmo era que ela não fosse precisa.

Somos sem dúvida o animal mais racional do Mundo que conhecemos: porém, fazemos tudo para provar o contrário.

Em que Mundo nascerão os meus filhos?

Pergunto-me muitas vezes como será o mundo daqui a vinte anos. Não apenas a nível tecnológico mas também social e ambiental. Seremos nós os mesmos? Manter-se-ão os nossos valores?
O Homem da Idade Média, por muito que pensasse, nunca conseguiria imaginar que daí a uns séculos, indivíduos semelhantes a ele teriam água à distância de uma torneira. E quando me refiro a imaginar não estou a usar a palavra como sinónimo de efectuar: eu, mesmo sabendo que é possível canalizar a água, nunca o conseguiria fazer. Mas o Homem da Idade Média nem sequer suponha que algum dia isso iria ser normal: pura e simplesmente, essa ideia nem lhe passava pela cabeça!
A nível técnico, a vida tem evoluído muito. A do meu pai foi claramente melhor que a dos meus avós e a minha melhor que a do meu pai. Suponho que a dos meus filhos vá ser superior à minha. Mas até que ponto? Que coisas estarão fora do meu horizonte de imaginação? A ciência é como que uma escada humana: à medida que os grandes génios se vão “empoleirando ás cavalitas” uns dos outros, a humanidade vai vendo mais e mais além. Até onde aguentará este “escadote humano”?
Se o mundo tem evoluído muito nesta matéria, noutros aspectos tem nitidamente perdido coisas importantes. Do ponto de vida ambiental, nem vale a pena falar, estamos diariamente a contribuir para uma degradação do planeta e da biodiversidade nele existente. Acho que todos temos consciência disso. Mas e nível social? Será que sabemos lidar com todas estas mudanças técnicas? Será que saberemos lidar com as que aí vêm? O Homem é que faz das suas descobertas boas ou más, consoante o destino que lhes dá.

Hoje estou particularmente céptica: “A evolução humana é toda técnica e científica. O Homem continua bárbaro como há milénios” (Rómulo de Carvalho)

Quando a violência vai á escola

Estive ontem a ver o debate da estação pública acerca da violência nas escolas e houve algumas coisas de que não gostei. Também, verdade seja dita, só o apanhei a meio. Mas mesmo assim, tenho algumas críticas a fazer.
A primeira diz respeito à estrutura e organização das ideias em debate: achei que se misturou nova avaliação dos professores com incompetência, violência com indisciplina e indisciplina com adolescência.
Comecemos então por aqui. Quanto ao facto de os pais começarem a avaliar os professores, acho ridículo. Certo que esta não será a única alteração na avaliação dos docentes em questão mas foi, ontem, a mais polémica. Os alunos são avaliados por pessoas com diploma. Acaso vão também os pais tirar um curso destinado a avaliar quem avalia os seus filho? Os pais têm contacto com a maioria dos professores (exceptuando o Director de Turma) apenas através dos que lhes é contado pelos filhos. Se acho que os pais se deviam envolver mais na escola? Obviamente.
Outro assunto importante diz respeito à incompetência. Como em todas as áreas, há no ensino quem faça bem o seu trabalho e quem pura e simplesmente não o faça. Mas, e se todos já tivemos experiências de professores que são realmente maus naquilo que fazem, também todos sabemos que a maioria é relativamente boa. Gostamos mais de umas aulas e menos de outras, queixamo-nos tanto deles como eles de nós mas quantos são os que se “demitem” realmente da sua função? Espero estar enganada mas estou quase certa de que tudo isto vai alterar a relação professor/alunos e vice-versa para pior.
Também não percebi porque é que, pelo menos na parte que eu vi, não foi ouvido um aluno daqueles que “têm paciência para a escola”. E francamente, alguém me explica como é que em pleno século XXI alguém usa a justificação “não tenho paciência” para abandonar os estudos? Mas em que mundo vive esta gente? A escolaridade obrigatória deixou de ser há muito a meta de qualquer aluno com o mínimo de consciência. O objectivo base de todos devia ser o 12º ano ou equivalente.
Para concluir, digo apenas que é necessário falar mais dos bons exemplos. Não estou a dizer que se deixe de falar nos problemas, bem pelo contrário! Estou apenas a dizer que, na minha opinião, uma forma de resolver problemas relacionados com a indisciplina passa muito por fazer deles excepção, minoria. Tem muito a ver com o envolvimento. Por exemplo, numa turma em que um aluno se mete em cima da cadeira e diz “vá, levantem-se também” e outros lhe dizem “estás parvo? A cadeira é para te sentares, não para estares em pé em cima dela”, o professor quase nem precisa de intervir. Sentindo-se a excepção, o aluno em questão, quase de certeza que se senta e permanece calado o resto da aula… E como ontem foi dito, ainda bem que todos os alunos de vez em quando “se passam”, porque é deveras mais preocupante o adolescente que não “se passa” de vez em quando. E, ainda bem também, que o professor de vez em quando “se passa” com a turma. Nenhum aluno gosta mas todos sabemos o quão importante isso é.
Quanto à violência, o caso é diferente, necessita de uma intervenção mais profunda.
Em relação ao debate, concordei com umas coisas, com outras nem por isso, mas acho sempre saudável qualquer troca de ideias civilizada.

Saturday, May 27, 2006

Casa do Além

(Escrevi este texto no 7º ano, quando as aulas de Português eram AULAS DE PORTUGUÊS a sério, quando aprendiamos alguma coisa de jeito e gostavamos de aprender. Sabem que mais? Tenho saudades de aprender as preposições a cantar.
Foi escrito no contexto de um livro que andávamos a estudar. Já foi hà 3 anos e copiei-o sem alterações, por isso, não liguem aos pormenores).

A casa, não era em nada, parecida com a minha.
Podia ser uma casa de pobres mas parecia-se extraordináriamente com uma casa de ricos.
As divisões decoradas com bom gosto, eram amplas e divididas com uma espécie de plástico transparente de cor branca.
Era mobiliada com peças grandes, do mesmo tipo de plástico (naquele planeta este tipo de plástico é abundante e precioso) e estranha ou naturalmente o branco predominava.
Era uma casa em que só se via o que se imaginava e por isso, deixo-a á vossa imaginação.

Nota: No nosso planeta, o ouro e a prata são preciosos pois são raros e por isso só alguns podem usufruir deles.
Naquele planeta o plástico transparente e branco tem tanto valor porque é abundante e todos o podem possuir. Além disso, aquele plástico não é prejudicial ao ambiente.

Friday, May 26, 2006

Hemiciclo* Jogo da Cidadania


Estive a rever as coisas da Secção do Hemiciclo Distrital, a qual tive a honra de secretariar e senti aquela saudade que recorda os momentos bons. Foi ali que encontrei pessoas que pensam como eu, jovens que dão importância à vida cívica e política do país. Descobri pessoas formidáveis, tive um dia que nunca esquecerei. Acho que descobri até o sentido da minha vida, aquilo que gosto realmente de fazer, aquilo em que me sinto boa.
Limito-me a referir a Margarida, o Tiago e a Andrea. Muitos mais havia para nomear.
Acho mesmo muito importante iniciativas destas que levem os adolescentes a lutar pelas suas ideias. E não há dúvida que o IPJ está de parabéns!
Que dia formidável! Só guardo boas recordações… Para o ano, (espero) lá estarei…
(Margarida, encontramo-nos na Assembleia da Republica daqui a uns anos… Nem que seja em bancadas contrárias. Certo?)

Monday, May 22, 2006

Reflexões

Há dias em que acordo particularmente crítica, como hoje, e me pergunto: mas afinal, para quê tudo isto? Para quê “viver menos” para lutar por uma média, por um curso, por um diploma, quando sistematicamente ouvimos falar em desemprego?
Num dia normal não penso assim. Reconheço o valor da escola e pertenço à minoria que gosta de estudar. Estou na área que adoro, mesmo que não seja a socialmente correcta. E apesar de não ser uma aluna brilhante, não estou em risco de chumbar.
Porém, sinto-me mais estúpida a cada teste que faço. E sinto também que o nosso sistema não está feito para apoiar aqueles que querem efectivamente seguir uma vida académica. O curso de Ciências Humanas e Sociais, e caso a Filosofia seja específica do curso que os alunos pretendem tirar, terá, na nova reforma, cinco exames ao longo do Secundário, enquanto os outros cursos científicos farão apenas quatro. Onde está a igualdade? No 12º teremos um exame de três anos à disciplina de História, o que equivale quase, na minha opinião, a uma cadeira universitária.
Acho que muitas vezes o ensino complementar tende a cair nas facilidades do básico mas muitas vezes também tende a exigir-nos o que supostamente faz parte do ensino universitário. Critico ambas as situações: o Secundário deve ser encarado com tal.
Voltemos à minha situação. Como pessoa mediana que sou, provavelmente o meu destino será semelhante ao da pluralidade da massa juvenil. Um diploma de uma Universidade mediana do país (de Psicologia ou algo parecido) e uma vida muito parecida com a dos meus pais: uma cidade pequena, um emprego estável e uma família similar à minha. Ou pelo menos, era assim que eu pensava há alguns anos atrás, dado que o rumo do país parece indicar tudo menos um “emprego estável”. Mas também não adianta nada, por agora, pensar pior. Este estilo de vida já me fascinou… Mas agora dou por mim a pensar com seria tirar um curso realmente aliciante (pelo menos para mim!) como Diplomacia ou Relações Internacionais e ir conhecer este Mundo, que sendo tão grande, é tão pequeno. Poder ajudar a decidir o rumo das coisas, ter voz activa para dizer o que penso, amar causas e lutar por elas! Ter a possibilidade de ajudar realmente a mudar o Mundo!

Desci à terra outra vez (de vez em quando viajo…). O trabalho de História espera-me.

Wednesday, May 17, 2006

Libertação (José Régio)

Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura…)

Como passar o tempo?... E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura…

Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim!, que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da Descoberta!

O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado…
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!

Este soneto começa com a descrição de um situação de solidão. Descrve-nos a existência do "menino" frágil, pequena e impotente. Ao tentar conhecer-se a si mesmo, o ser humano encontra exactamente essa pequenez, esse ser miserável e vulnerável que é, sem grande valor.
Porém, o menino que há em cada um de nós, tem também uma enorme “inquietação da Descoberta”. E os sonhos, conjuntamente com essa vontade de saber e conhecer mais, de ir para além do que se conhece, é a nossa grandeza.
Em suma, este poema representa a ambivalência que marca a existência humana: a solidão e a pequenez em contra ponto com a vontade de descoberta, a ânsia de sair de si mesmo.
(José Régio é um dos meus poetas favoritos. Postarei em breve o Cântico Negro, poema que o tornou conhecido. Não o faço hoje porque ainda não descobri como é que se põe ficheiros de música e queria que ouvissem a declamação do Villaret. Até lá, apreciem este!)

Tuesday, May 16, 2006

Arranjem argumentos!

Olá mamã, tudo bem? Eu estou bem, graças a Deus. Faz apenas alguns dias que me concebeste na tua barriguinha. Na verdade, não consigo explicar o quanto estou feliz por saber que és minha mãe. Outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebido. Tudo parece indicar que eu serei a criança mais feliz do mundo!
...
Mamã, já se passou um mês desde que fui concebido e já começo a ver como o meu corpinho começa a formar-se, quer dizer, não estou tão lindo como tu, mas dá-me uma oportunidade! Estou muito feliz! Mas tem algo que me deixa preocupado... Ultimamente dei-me conta de que há algo na tua cabeça que não me deixa dormir, mas tudo bem, isso vai passar, não desesperes.
...
Mamã, já se passaram dois meses e meio, estou muito feliz com as minhas novas mãos e tenho vontade de usá-las para brincar. Mamãzinha diz-me o que se passa! Porque choras tanto todas as noites? Porque é que quando tu e o papá se encontram, gritam tanto um com o outro? Não me querem mais ou quê? Vou fazer o possível para que me queiram...
...
Já se passaram 3 meses, acho que estás muito deprimida, não entendo o que está a acontecer, estou muito confuso. Hoje de manhã fomos ao médico e ele marcou uma consulta para amanhã. Não entendo, eu sinto-me muito bem... por acaso sentes-te mal, mãe?
Mamã, já é dia. Onde vamos? O que está a acontecer? Porque choras? Não chores, não vai acontecer nada...
Mamã, não te deites, ainda são 2h da tarde, não tenho sono, quero continuar a brincar com as minhas mãozinhas. Ei!!!O que é que esse tubinho está a fazer na minha casinha?? É um brinquedo novo?? Ui!! porque é que estão a sugar a minha casa?? Mamã!!! Espera, essa é a minha mãozinha!!! Homem, porque é que a arrancas-te? Não vês que me estás a magoar? Mamã, defende-me!!!! Ajuda-me!!! Não vês que ainda sou muito pequeno para me defender sozinho? Mãe, a minha perninha, estão a arrancá-la!!! Diz a eles para pararem, juro-te que me vou portar bem e que não te dou mais pontapés! Como é possível que um ser humano possa fazer isto comigo?! Esse homem vai ver quando eu for grande e forte!! Ai mamã, já não consigo mais....ai.... mamã, mamã, AJUDA-ME!!

Mamã, já se passaram 17 anos desde aquele dia, e eu daqui de cima observo como ainda te pesa teres tomado aquela decisão. Por favor, não chores, lembra-te que te amo muito e que estarei aqui à tua espera com muitos abraços e beijinhos.
Amo-te muito!
O teu bebé

Recebi este e-mail de uma amiga que tem a minha idade. E, utilizando o eufemismo, fiquei escandalizada! Concordem ou não com o aborto, as coisas nunca se põe assim! Não é a enviar mensagens que procuram tocar no subconsciente das pessoas que as convencem. Querem alertar para os perigos do aborto, façam-no de outra maneira. Arranjem argumentos. Não é assim que se justifica uma posição seja em relação a que assunto for. O aborto tem inúmeros perigos e não é, de facto, a solução. Mas não somos nós que devemos condenar os outros. Cada caso é um caso. Teremos nós, o direito a julgar e a condenar, em muitos dos casos, três vidas? Um feto de três meses não fala, não pensa e nem sequer tem ainda consciência do que se passa à sua volta. Mas uma criança de três, quatro, cinco ou seja de que idade for tem noção do mundo e a relação dos pais ira marcá-la para o resto da vida. Para além disto, a interrupção voluntária da gravidez também não beneficia a mulher. Deixa marcas para o resto da vida. Mas se ela está disposta a encarar as consequências não devemos ser nós a condená-la. Teremos nós o direito de condenar uma vida ao sofrimento, à falta de amor, carinho e apoio? O ser humano precisa tanto de comida e roupa como de amor e respeito. Por isso, sou a favor da responsabilidade, do sexo seguro e da despenalização do aborto.

Monday, May 15, 2006

Pecado dos Anjos

Não faço ideia de como tenha sido neste caso específico mas conheço os resultados. Não imagino o porquê disto tudo mas sei as consequências. Não quero saber o que lhes passou pela cabeça mas preciso de saber o que aprenderam como isto.
Os anjos também pecam e no entanto, na sua condição de anjos, só se apercebem dos erros tarde de mais. Os anjos também pecam e no entanto, na sua condição de anjos, são absolvidos como que por milagre.

(Já não há desculpas que justifiquem a falta de uso de métodos contraceptivos, nomeadamente do preservativo. Não se justifiquem com o uso de outros métodos, estúpidos e que não previnem coisa alguma. Controlem os instintos e a natureza que vos leva a pensar “não acontecerá comigo”. Está mais do que na hora de aprendermos que há coisas graves que têm de ser evitadas. Façam um favor a vocês mesmos: previnam-se!)

Quando "sobrevivência" se mistura com "crime", qual dos conceitos ganha?

“Procuramos qualquer lugar no mundo onde não haja guerra, onde possamos trabalhar para enviar dinheiro à nossa família e quem sabe, um dia, voltar ao nosso país”. Declarações de um dos inúmeros imigrantes clandestinos que todos os dias arriscam a vida e se submetem a condições sub-humanas na expectativa de encontrar paz. Provenientes de países em que “extremos” é a palavra mais adequada, encaram a Europa e a América do Norte como autênticos “cantinhos do céu”. E a verdade é que, apesar de tudo, são-no.
Estes homens e mulheres que comprometem tudo em nome da esperança sofrem no local de chegada, normalmente, um destes dois destinos cruéis: se não são apanhados, são vítimas de crimes como a exploração, o chauvinismo e a xenofobia; caso sejam capturados, são julgados no mesmo tribunal dos corruptos, dos assassinos, dos ladrões e de toda a escumalha restante, sendo repatriados com o rótulo de criminosos. Sê-lo-ão?

Será que lutar por paz, pela sobrevivência dos entes queridos é crime? Será que desejar uma vida que se possa considerar humana é crime? Será que fugir de todos os horrores a que uma pessoa pode ser submetida é crime? Será que violar burocracias que apenas existem no mundo civilizado para escapar ao incivilizado é crime? Penso que me basta dizer que, na mesma situação e se a coragem não me faltasse, faria exactamente a mesma coisa.
Grande parte dos conflitos universais podiam ser hoje resolvidos pelas potências mundiais. Acontece que isso nem sempre interessa a quem tem o poder. Com que moral condenam os países que podiam acabar ou pelo menos aliviar parte dos problemas da humanidade, estes imigrantes clandestinos?

Vivemos demasiado absorvidos pelo nosso quotidiano para pensar como será o dia-a-dia dos outros. Vivemos cada vez mais para a economia e acabamos por esquecer o lado social das coisas. A economia existe para servir as pessoas e não devemos deixar que sejam as pessoas a servir a economia. Atenção, não me interpretem mal: não estou, de modo nenhum, a dizer que a economia não é importante, bem pelo contrário! É ela que nos permitirá, se quisermos, modificar o planeta. É apenas uma questão de prioridades.

Mesmo na Europa há problemas sociais graves. Sejamos claros: só devia viajar quem trabalha, só devia possuir luxos como o mp3 ou o ir a cabeleireiros e costureiros conceituados quem se esforça nesse sentido, em suma, as “mordomias” deviam pertencer apenas a quem o merece. Mas toda a gente, independente de tudo, tem o direito a viver dignamente, com o básico para a sobrevivência. Toda a gente tem, ou devia ter, o direito de viver em paz, devia ter o que comer, o que vestir, um local onde dormir. É o mínimo!
Vivemos numa sociedade em que os ossos são dados aos cães mas onde mantas são negadas a mendigos. Não se trata de merecer ou deixar de merecer, trata-se de justiça social!
Para além de indivíduos, somos pessoas. E felizmente há quem não se esquece disto. E é nessas Pessoas em quem credito. É nessas pessoas, que mantêm os ideais presentes num mundo como o nosso que depositarei toda a minha confiança e que procurarei ajudar nesta luta.
Temos o poder de pensar e de agir. Não se esqueçam disso.

Saturday, May 13, 2006

Sim Hugo, é para ti...

A um dos meus melhores amigo. Á pessoa que não tem falhado quando se fala em "amizade" nesta batalha a que os entendidos chamam de adolescência. Acreditem, ele será um dos grandes.

Gosto da maneira como me ouves, compreendes, ralhas, felicitas. Gosto da maneira como me tratas, como dizes “és especial para mim”. Gosto da maneira como és todos os dias e a qualquer hora amigo, paciente, humano. Gosto de ti.
És simplesmente tu, com o teu jeito, a tua maneira de ser. Simplificas as coisas com arte, equacionas as situações mais difíceis e encontras o “x” com uma perfeição nata e absolutamente brilhante. És versátil, tens ideias, sonhos, pés na terra e cabeça erguida. Olhos de lince, conheces-me melhor que ninguém. A minha alegria deixou de te enganar há muito e a tua perspicácia “topa-me a léguas”.
És simplesmente brilhante em tudo o dizes, fazes, és. Um herói, um amigo. Uma pessoa mais do que especial, essencial.
Não te esqueças nunca : porque na vida as coisas nem sempre correm como esperamos. Porque o mundo nem sempre gira no sentido correcto. Porque os pássaros nem sempre voam para norte. Porque nem sempre o vento é suave e o som das árvores, alegre. Porque certezas não existem. Mas porque no fundo, tu és a pessoa que melhor me conhece e tens, tal como o resto do mundo, o direito a ser uma das pessoas essenciais à minha vida. Porém, não é o resto do mundo. És tu.