Saturday, July 22, 2006

Já posso ir presa!

Fiz hoje 16 anos. E constatei que quando começo a ter idade para fazer asneiras legalmente, começo também a ser legalmente responsável pelo que faço e a responder por mim e pelos meus actos. Ou seja, tenho idade para beber álcool e entrar em discotecas e bares… mas tenho também idade para ser presa! Resumindo, se não me portei mal até aqui, é melhor que continue assim.

Adorei a festa surpresa. Foi tão bom! E acho que todos nos divertimos imenso. Agradeço em primeiro lugar aos meus pais e à minha mana e depois à Carolina, ao Nuno, ao Hugo, à Pipa, à Leonor, à Di, à Catarina… e a todas as pessoas que estiveram por detrás disto. É claro que a minha inocência não me permitiu desconfiar de nada…

Vou de férias. Parto 2º (dia 24) para a costa alentejana, com um grupo de amigas e dia 26 embarco noutra… aventura, se é que assim se pode chamar. Depois conto tudo, com detalhes. Até lá, o blog vai estar parado. Espero imensos comentários quando chegar! Boas férias a todos! (Sorriam, riam, divirtam-se… e depois venham aqui contar como foi. Certo?)

PS - A propósito, o telemóvel vai estar desligado até dia 6 de Agosto. Vou aproveitar para travar batalhas longe de multidões e analisar as já travadas. Para além de descansar e reunir forças para mais umas quantas.

E vergonha na cara, não?

Vejam só esta: “(…) prova de exame inédita e desconhecida, logo, o mínimo que podíamos fazer era dar-lhes uma segunda oportunidade”. Adivinham o autor da frase?

Monday, July 17, 2006

Sistema de ensino _ Exames Nacionais

Hoje dei por mim a pensar no sistema de ensino português e em tudo o que ele implica. Como aluna parece inadmissível ser a favor dos exames nacionais, no entanto, num sistema como o nosso, não me parece que outra coisa fosse praticável. Como é que se seleccionariam os alunos na entrada ao ensino superior? Apenas com as notas de frequência? Parece-me pouco. Confio nos nossos professores (ao contrário do próprio Governo que bem se tem esforçado por mostrar o contrário) mas até pela questão das escolas privadas e semi-privadas, a nota de disciplina não seria decerto suficiente. Os exames são uma solução rude: alunos a serem avaliados por professores que não conhecem a pessoa que estão a avaliar é reduzir completamente os alunos a números que muitas vezes nem correspondem à verdade. No entanto, há alguma solução viável para acabar com os exames ou lhes atribuir menos peso?

Claro que há! Simplesmente o problema não está nos exames. Está no sistema! Em Inglaterra os alunos têm desde o primeiro dia de aulas um processo no qual constam todas as suas avaliações, todos os registos das actividades em que participaram, descrições das suas capacidades e características feitas pelos professores, etc. Lá, os alunos não chumbam. Têm más notas, isso fica registado e a vida continua a correr. É com esse dossier que os alunos concorrem à Universidade. Enviam cópias para as Faculdades a que gostariam de pertencer e são seleccionados não só pelas suas notas, como também pelo conjunto das suas capacidades gerais. Ou seja, as Universidades não seleccionam apenas números mas também pessoas! Em França os alunos podem escolher a sua área de estudo apenas dentro das suas capacidades. Afinal, o que é que um aluno de nível dois a matemática no ensino básico vai fazer para a área de Ciências e Tecnologias? Deveria ser encaminhado ou para outro curso científico ou para um curso tecnológico. Assim, chegada a altura da ingressão ao ensino superior a selecção é mais fácil, uma vez que os alunos já foram previamente colocados na sua área de capacidades. Na Suécia, todos os testes são globais.

Assustei-me com os resultados dos exames de 9º ano. Aliás, acho que as notas não foram boas em nenhum ano (9º, 11º ou 12º), no geral. Programas novos a serem testados sem que os alunos tivessem previamente acesso a uma prova modelo, critérios de correcção sem nexo absolutamente nenhum, …este ano os exames foram uma vergonha! E depois queixam-se que o país não avança! Será que ninguém percebe que a base de tudo é a educação? Acho gravíssimo terem sido encontrados erros em exames. O futuro de milhares de jovens depende deles. E a nossa arrogante Ministra da Educação não foi sequer capaz de se dirigir ao país, pedir desculpas, prometer que os responsáveis iam ser encontrados e punidos e que estes resultados iam ser analisados. Oh, mas isso era pedir de mais! Ela não foi sequer capaz de assumir os erros! Está certo que não foi ela a fazer os exames. No entanto, ela é a responsável máxima pela educação em Portugal e tinha que ter assegurado que os exames iam ser revistos o número de vezes necessárias. E porque é que agora apenas deixam repetir dois exames, podendo os alunos concorrer com as notas da 2º fase à 1º das Universidades? Houve maus resultados em todos os exames! Que dêem ao menos uma razão válida… (Já estou a imaginar a confusão que vai ser este ano a entrada no ensino superior!). Já agora, outro pormenor: os exames da 2º fase já estão prontos. Aliás, os exames da 1º e 2º fases são feitos ao mesmo tempo. Quem garante que não têm também erros?

Sinceramente, acho que tudo isto demonstra uma falta de respeito enorme para com os alunos.

Friday, July 14, 2006

Analogia á existência

Estou exausta. Tenho travado muitas batalhas cá dentro.

(Analogia como relação de dependência mais do que de semelhança).

Monday, July 03, 2006

Um bocadinho de oportunismo...

Vamos Sócrates, aproveita até quarta-feira para tomar as medidas polémicas. Vá lá, aproveita agora que ninguém te liga, o povo português tem mais que fazer do que se revoltar contra o teu governo…

Saturday, July 01, 2006

Meias-Finais

Grande jogo! Incrível, até eu vi e sofri da segunda parte para a frente! O Ricardo portou-se bem, não há dúvida. O mérito é dele. O próximo é contra a França? Ui, até já me está a doer…

Mutilação Genital Feminina _ Waris Dirie, uma flor em pleno deserto


Acabei agora o livro “Aurora no Deserto”, de Waris Dirie, continuação de “Flor do Deserto”, da mesma escritora. Os livros são basicamente um relato vivo e bem escrito da vida de uma menina nómada, que nasceu e viveu no deserto africano, mais propriamente somali, e que fugiu a um casamento com um homem que tinha idade para ser seu avô. Passou por provações desumanas até que se encontrou sozinha em Londres, sem falar inglês, sem dinheiro, parentes, amigos, comida… Parece, no entanto, que o destino lhe reservou uma missão maior que si mesma. Tornou-se uma modelo famosa e uma porta-voz dos horrores por que passam as mulheres do seu país. Descreve na primeira pessoa a pior das mutilações genitais femininas, a circuncisão faraónica ou infibulação, que consiste na extirpação do clítoris e dos lábios internos da vagina, sendo a ferida cosida, deixando apenas uma abertura do tamanho da cabeça de um fósforo para a menstruação e urina. As condições em que esta “cirurgia” é feita são absolutamente monstruosas. No caso de Waris, em pleno deserto, sem anestesia, com objectos cortantes que não foram esterilizados, feito por uma mulher sem formação, enfim, com todas as condições propícias aos vírus, infecções, doenças mortais. E o facto é que o número de vítimas desta prática é assustador.
No entanto, estes dois livros são maravilhosos de ler, na medida em provam que é possível amar um país sem, porém, concordar com as suas tradições. Waris pertence a África, à Somália, ao deserto. Ama aquele modo de vida nos mais ínfimos pormenores, ama aquelas pessoas e transmite-nos todo esse amor. Mas sabe que a evolução do seu país passa antes de tudo mais pela mudança de mentalidades. Enquanto os homens não aprenderem a olhar as mulheres como semelhantes, enquanto não perceberem que elas nascem assim por alguma razão e que mutilar não é purificar, enquanto todos os somalis não se unirem esquecendo clãs, a Somália continuará miseravelmente pobre e as condições de vida das populações continuarão tristemente más.

No Mundo as coisas também são um bocadinho assim. Enquanto os Homens não começarem a olhar as coisas como um todo, alargando o horizonte para além de países e nações, enquanto que não percebermos que somos todos Seres Humanos e lutarmos todos para o bem comum, o Mundo não avança. Se fomos capazes de pôr um homem na Lua, então também somos com certeza capazes de acabar com a guerra, com a fome, com a pobreza mundial.

Waris foi nomeada, 1997, embaixadora da ONU para os direitos das mulheres, na luta pela eliminação da prática da MGF.