Monday, July 17, 2006

Sistema de ensino _ Exames Nacionais

Hoje dei por mim a pensar no sistema de ensino português e em tudo o que ele implica. Como aluna parece inadmissível ser a favor dos exames nacionais, no entanto, num sistema como o nosso, não me parece que outra coisa fosse praticável. Como é que se seleccionariam os alunos na entrada ao ensino superior? Apenas com as notas de frequência? Parece-me pouco. Confio nos nossos professores (ao contrário do próprio Governo que bem se tem esforçado por mostrar o contrário) mas até pela questão das escolas privadas e semi-privadas, a nota de disciplina não seria decerto suficiente. Os exames são uma solução rude: alunos a serem avaliados por professores que não conhecem a pessoa que estão a avaliar é reduzir completamente os alunos a números que muitas vezes nem correspondem à verdade. No entanto, há alguma solução viável para acabar com os exames ou lhes atribuir menos peso?

Claro que há! Simplesmente o problema não está nos exames. Está no sistema! Em Inglaterra os alunos têm desde o primeiro dia de aulas um processo no qual constam todas as suas avaliações, todos os registos das actividades em que participaram, descrições das suas capacidades e características feitas pelos professores, etc. Lá, os alunos não chumbam. Têm más notas, isso fica registado e a vida continua a correr. É com esse dossier que os alunos concorrem à Universidade. Enviam cópias para as Faculdades a que gostariam de pertencer e são seleccionados não só pelas suas notas, como também pelo conjunto das suas capacidades gerais. Ou seja, as Universidades não seleccionam apenas números mas também pessoas! Em França os alunos podem escolher a sua área de estudo apenas dentro das suas capacidades. Afinal, o que é que um aluno de nível dois a matemática no ensino básico vai fazer para a área de Ciências e Tecnologias? Deveria ser encaminhado ou para outro curso científico ou para um curso tecnológico. Assim, chegada a altura da ingressão ao ensino superior a selecção é mais fácil, uma vez que os alunos já foram previamente colocados na sua área de capacidades. Na Suécia, todos os testes são globais.

Assustei-me com os resultados dos exames de 9º ano. Aliás, acho que as notas não foram boas em nenhum ano (9º, 11º ou 12º), no geral. Programas novos a serem testados sem que os alunos tivessem previamente acesso a uma prova modelo, critérios de correcção sem nexo absolutamente nenhum, …este ano os exames foram uma vergonha! E depois queixam-se que o país não avança! Será que ninguém percebe que a base de tudo é a educação? Acho gravíssimo terem sido encontrados erros em exames. O futuro de milhares de jovens depende deles. E a nossa arrogante Ministra da Educação não foi sequer capaz de se dirigir ao país, pedir desculpas, prometer que os responsáveis iam ser encontrados e punidos e que estes resultados iam ser analisados. Oh, mas isso era pedir de mais! Ela não foi sequer capaz de assumir os erros! Está certo que não foi ela a fazer os exames. No entanto, ela é a responsável máxima pela educação em Portugal e tinha que ter assegurado que os exames iam ser revistos o número de vezes necessárias. E porque é que agora apenas deixam repetir dois exames, podendo os alunos concorrer com as notas da 2º fase à 1º das Universidades? Houve maus resultados em todos os exames! Que dêem ao menos uma razão válida… (Já estou a imaginar a confusão que vai ser este ano a entrada no ensino superior!). Já agora, outro pormenor: os exames da 2º fase já estão prontos. Aliás, os exames da 1º e 2º fases são feitos ao mesmo tempo. Quem garante que não têm também erros?

Sinceramente, acho que tudo isto demonstra uma falta de respeito enorme para com os alunos.

2 comments:

Anonymous said...

Eu não me quero alongar muito, até porque neste momento estou a trabalhar. Se há problema na educação- como já tenho falado contigo- e no resto: é porque ainda há bens- que no caso de serem públicos trariam muito mais lucro a todos- privados. Como disse Proudhon: toda a propriedade é um roubo.

Anonymous said...

Subscrevo quase tudo o que escreves
e acrescento ao teu final,embora implícito no que tens para trás, que essa falta de respeito se estende aos professores e às famílias dos alunos.