Sunday, August 20, 2006

Marcelo Caetano (o homem ou o político?)

Faria agora, por estes dias, cem anos. E vimos as televisões e todos os outros meios de comunicação social relembrá-lo apenas enquanto homem. Depois da entrevista à filha, na estação pública de televisão, fiquei a pensar na coisa. Falamos sobre isso, cá em casa. E ontem tive oportunidade de ouvir grandes homens falar também sobre isso. E pude concordar com eles.

Obviamente que por detrás de cada político, professor, operário, manequim, ou qualquer outra profissão, existe sempre um Homem que não pode ser esquecido enquanto ser humano que é. No entanto, se hoje estudamos e relembramos os tempos de Marcelo Caetano não é por ele ter sido o homem que foi mas sim, pelo cargo que exerceu. Homens há milhões e não os estudamos a todos. Este de que estamos a falar foi um ditador, um criminoso. Esta é a verdade nua e crua. Foi isto que marcou o povo português e a sua história.

Não gostei da maneira como a entrevista foi conduzida.

3 comments:

Nuno Silva said...

Concordo!

Durante a ditadura (quase) todos detestavam-no. Seguiu ao Salazar para exercer as mesmas funções, e o povo acabou por revoltar-se 6 anos depois. Foi este o tempo de duração do marcelismo.

As reportagens e entrevistas estabeleciam todas ligação com a sua vida profissional no campo universitário, como professor, nomeadamente. Exilou-se no Brasil, e, de imediato, entrou numa universidade de prestigído.

E aquilo que ele fez durante os 6 anos (incompletos) à frente da nação enquanto ditador?

Contudo, não podemos julgar Marcelo Caetano só por ter sido ditador. Toda a gente tem uma parte boa, e a sua inteligencia, veio ao de cima. Para mim, M. Caetano foi mais que um ditador... Mas enquanto isso, desaprovo-o.

Parabéns pela observação, Ana!

Anonymous said...

Qualquer dia louvam o Hitler pela sua inteligência. Há inteligência que é desnecessária. Viva Fidel!

Hugo da Graça Pereira said...

Pessoalmente sempre senti mais pena do Marcelo Caetano do que propriamente ódio. Pena por ser um homem de um caracter que sempre me pareceu fraco. Nunca se conseguiu impor. O regime tava demasiado apegado à cara de Salazar. As ditaduras são mesmo assim, só se identificam com uma única pessoa, porque ela não autoriza que se identifique com mais ninguém. O regime estava destinado a cair (felizmente) e ele a mim sempre me pareceu uma criança assustada perdida no meio da tempestade sem saber para onde se virar. Sim, mas sem dúvida um criminoso, quanto mais não seja por conivência. Quanto ao "esquecimento" deliberado por parte dos meios de comunicação daquilo que ele foi achei ultrajante. Quanto ao facto de também o lembrarem como um homem para além da política achei louvavel. As pessoas não são uma única fase da sua vida. Também tu Ana, quando tiveres 60 anos não irás querer que te julguem SOMENTE por aquilo que fazias quand tinhas 16. Uma pessao é um projecto contínuo que apenas está completo quando morre. Por isso achei que, não falarem de Marcelo Caetano enquanto ditador, foi grave; como o teria sido igualmente se se esqueçessem daquilo que foi para além da política.