Tuesday, March 27, 2007

U. Independente

Ah pois, as privadas é que funcionam bem, têm toda a razão!

(Ironiazinha)

Monday, March 26, 2007

Breve pensamento

Aos dezasseis anos (bem como durante o resto da adolescência) não se é, na generalidade, nem pior nem melhor do que noutras idades. Não amamos nem sofremos menos, não somos nem mais nem menos responsáveis, não somos menos inteligentes por natureza, não somos menos maduros que o adulto médio.
E também não estamos mais perdidos do que o resto da sociedade.

Friday, March 16, 2007

Ex-Futuro


O ex-futuro.

Ela (a mesma rapariga dos cabelos cor-de-rosa) inventa verbos e tempos verbais. Na verdade, as nossas conversas de adolescentes deviam ser encaradas como um enriquecimento da língua portuguesa. Estes neologismos surgem, para além da constante necessidade de nos exprimirmos, da urgência diária em adaptar as palavras ao que efectivamente sentimos. Não, não é passado. Afinal, nunca foi presente.

Quantas vezes não nos acontece passarmos ao lado das coisas que estavam para acontecer, que iam acontecer e que… desaparecem, num repetente trágico. Nunca foram nada, estavam para ser. Simplesmente não tiveram tempo (ou sofreram a interferência de outro factor externo) ou acabaram antes de começar.

Foi. Não foi? Não, esteve para ser.


(A recordação boa de qualquer coisa que nunca existiu, como dizia a outra).

Thursday, March 15, 2007

Existi(ndo)



A vida não é contínua.

Existir, existimos todos os dias. Viver, não. Um bocadinho aqui, outro ali, outro acolá, no dia a seguir, depois, cinco meses seguidos, uns minutinhos…

Ora vivemos, ora vegetamos. Ora vivemos, ora vegetamos. Ora vegetamos, ora vivemos. E assim sucessivamente, pela nossa existência fora…

Ora sorrimos (com a alma), ora nos entregamos à rotina e às coisas pré-construídas e pré-concebidas. Ora somos nós, ora não somos nada nem ninguém.

Nota: Nem sempre vegetar é mau: eu, pessoalmente, prefiro pensar nisso como necessário. Para dar tempo de sonhar para o próximo pedaço de vida. Em tudo precisamos de intervalos, não é? Resta saber se intervalamos da vida ou do estado de vegetação.

Friday, March 09, 2007

Parlamento dos Jovens

Chama-se energia pura. Foi tão bom! Estas coisas são sempre boas. Pessoas novas, ambiente diferente, as coisas a acontecerem e a mudarem a todo o minuto, o coração a bombear com força. Dias intensos, a fazer coisas de que gostamos. E por muito que depois as queiramos traduzir por palavras, torna-se difícil. Gostaríamos que ficasse gravado, para sempre, para que pudéssemos ver e rever. E mostrar aos outros.

E depois, as saudades apertam. Mas fica cá dentro aquela força, aquela adrenalina, o nervoso bom. Ficam as pessoas. E fica a certeza de que voltaremos para o ano.

Tuesday, March 06, 2007

Criança (?) encantadora

Hoje tive a oportunidade de ouvir uma encantadora garota de 7 anos a falar dos seus problemas sentimentais.
A garota que, para além de encantadora é também inteligentíssima, dividiu-os em duas vertentes para me facilitar a compreensão.
Começou por aqueles que mais a atormentavam, os da amizade. Tinha-se chateado com a melhor amiga, aquela que sentia conhecer desde os primórdios da infância(?), por um motivo tolo. Não tinham chegado a consenso sobre um assunto qualquer. Mas o problema não foi esse, obviamente. Nem sempre chegamos a acordo com os outros, é preciso encarar isso com naturalidade. A dificuldade foi não terem aceite ouvirem-se uma à outra. Agarram-se àquilo em que acreditavam e não quiseram saber de mais nada. E agora, a minha pequena, arrependida, perguntava-se a si mesma por que razão será tão difícil dar o braço a torcer e pedir desculpa. Mas lá chegou à conclusão que o mais importante é sem duvida a amizade e garantiu-me que amanhã já vai falar com a amiga e resolver tudo. Afinal, a falar é que as pessoas se entendem, certo?

Havia ainda outra coisa que a atormentava… O rapaz a quem entregara a infância (a quem se entregara, por olhares, por sorrisos tímidos, nos dedos que entrelaçaram um dia, no rosto que teima em corar quando o vê, na inocência pura dos seus sete anos, tão bem vividos), já não parece o mesmo. Está estranho, já não lhe liga. Ela desconfia até que se interessou por outra menina da turma, que tem caracóis no cabelo. E a minha menina não quer outro rapaz: é daquele que ela gosta.
Perguntei-lhe: “quando gostavas dele e ele de ti, deixavas os amigos de parte, vivias para ele, o teu Mundo resumia-se à vossa relação?”. Atrapalhada, confusa com as minhas palavras de adolescente armada em esperta, respondeu qualquer coisa como “não, o meu Mundo começava aí”.

E eu calei-me. Que mais podia fazer, perante uma resposta destas? Sustive a emoção, apercebi-me que estou de facto a envelhecer. E passei o resto do dia mergulhada nos meus pensamentos. Será que a encantadora criança tem noção que as relações interpessoais não evoluem nada com o passar do tempo? Talvez não. Eu não tinha, mas era menos esperta do que ela. Sempre pensei que os adultos fossem mais…adultos! Mais maduros nas escolhas, no modo como lidam uns com os outros. Agora, à medida que me aproximo dessa desengraçada fase da vida, vou-me apercebendo que eles são bem piores do que a minha pequena. Se há coisa em que regredimos ao longo da vida é nisso.

Deixamos de ter adultos superiores a nós que nos mandem calar e pedir desculpas e, pura e simplesmente, deixamos de o fazer ou reduzimos o diálogo e a compreensão a certas e determinadas situações. Desenvolvemos a arrogância e a teimosia e vivemos com estas características como se fizessem parte de nós.
Mas como é politicamente correcto, os adultos passam a gritar em casa, entre paredes, escondidos do Mundo. As mulheres deixam o marido ou o namorado e sofrem desalmadamente, como se metade da alma lhes tivesse sido arrancada. Ou são deixadas, e ficam sem a alma toda. Lutam por bens que julgam seus por direito, como se essas coisas, coitadas, absolutamente desprovidas de valor, completassem o bocado interior que lhes falta.
E apoiam-se então nos amigos. Umas, apoiam-se efectivamente nos amigOs. Outras, mais pudicas talvez, buscam o ombro e os lenços das amigas e vestem-se de preto. Depois zangam-se, por um qualquer motivo absurdo (o egocentrismo da primeira, provavelmente, que só pensa na sua tragédia pessoal) e nunca mais se falam.

A minha teoria é que à medida que vamos crescendo vamos libertando a criança imatura e desconexa que há em nós. Se há pessoas a quem assusta a velhice, a mim assusta-me primordialmente a idade adulta.