Wednesday, May 31, 2006

Em que Mundo nascerão os meus filhos?

Pergunto-me muitas vezes como será o mundo daqui a vinte anos. Não apenas a nível tecnológico mas também social e ambiental. Seremos nós os mesmos? Manter-se-ão os nossos valores?
O Homem da Idade Média, por muito que pensasse, nunca conseguiria imaginar que daí a uns séculos, indivíduos semelhantes a ele teriam água à distância de uma torneira. E quando me refiro a imaginar não estou a usar a palavra como sinónimo de efectuar: eu, mesmo sabendo que é possível canalizar a água, nunca o conseguiria fazer. Mas o Homem da Idade Média nem sequer suponha que algum dia isso iria ser normal: pura e simplesmente, essa ideia nem lhe passava pela cabeça!
A nível técnico, a vida tem evoluído muito. A do meu pai foi claramente melhor que a dos meus avós e a minha melhor que a do meu pai. Suponho que a dos meus filhos vá ser superior à minha. Mas até que ponto? Que coisas estarão fora do meu horizonte de imaginação? A ciência é como que uma escada humana: à medida que os grandes génios se vão “empoleirando ás cavalitas” uns dos outros, a humanidade vai vendo mais e mais além. Até onde aguentará este “escadote humano”?
Se o mundo tem evoluído muito nesta matéria, noutros aspectos tem nitidamente perdido coisas importantes. Do ponto de vida ambiental, nem vale a pena falar, estamos diariamente a contribuir para uma degradação do planeta e da biodiversidade nele existente. Acho que todos temos consciência disso. Mas e nível social? Será que sabemos lidar com todas estas mudanças técnicas? Será que saberemos lidar com as que aí vêm? O Homem é que faz das suas descobertas boas ou más, consoante o destino que lhes dá.

Hoje estou particularmente céptica: “A evolução humana é toda técnica e científica. O Homem continua bárbaro como há milénios” (Rómulo de Carvalho)

2 comments:

Hugo da Graça Pereira said...

Sabes, tens muita razão quando dizes que "os grandes génios se vão empoleirando ás cavalitas uns dos outros", não falo apenas de Einsteins e Newtons, falo também de Aristóteles, de Sócrates, de Kants, de Hemingways, de Vernes, de Da Vincis, de Erasmos e de tantos outros a quem podemos reconhecer o génio na verdadeira acepção da palavra, se bem que cada um á sua maneira. A verdade é que esses expoentes da existência humana podem ver mais longe, alargar o horizonte, derrubar as míticas torres de babel e no seu lugar colacar o objectivo pensamento científico ou a subjectiva reflexão filosófica. Estes homens tiraram conclusões, fizeram previsões, idealizaram uma ilha chamata Utopia...mas no entanto carece perguntar, onde está esse sonho? A explicação óbvia e clara está no facto de um punhado de homens não poderem fazer nada por eles próprios. Eles tentam abrir os olhos á humanidade, mas o pior cego é aquele que não quer ver... Esses sábios e todas as suas teorias e inventos são de facto um escadote periclitante, mas o que seriam eles com a humanidade a suporta-los? Então seriam uma nova torre de Babel, que segura se ergueria nos céus em busca da verdade... Esta até é bonita não é? Pena ser um sonho... Em que mundo nasceram os nossos filhos? Aperta-me o coração só de pensar...

Anonymous said...

Por que nao:)