Há coisas que não se escrevem – porque tão-pouco se descrevem. Há cadeiras que nos ajudam a ultrapassar muros (físicos e intelectuais); há conversas em que, simultaneamente, ao descobrirmos o outro, nos encontramos a nós; há teatros cómicos onde o nosso riso não encontra lugar para estranhamente, depois, mais tarde, não se conseguir controlar no meio da marginal; há lugares e ocasiões em que nos sentimos plenos, confortáveis, bem. Isso mesmo – bem. Tanto que nos damos ao luxo de comentar, connosco próprios: "É isto, é isto mesmo." - E não sentimos medo nem dúvidas nenhumas.
Há dias que não queremos que acabem, embora estejamos fartinhos de saber que isso é impossível e infantil. Ainda assim, sentimos saudades e melancolia quando acabam mesmo – para dar lugar a outros, claro está, para dar lugar à rotina: com tudo o que isso tem de melhor e de pior. Mas concentremo-nos no melhor: na perspectiva de outras rotinas que, pelo menos nos primeiros tempos, serão novas.
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Imagem: www.parlamento.pt