Devolve o que me tiraste, repõe tudo, constrói de novo.
Dá-me o braço e corre comigo estrada fora, em contra-mão, empurrando p
essoas, passeios e carros, e tudo o mais que nos aparecer pela frente. Leva-me a voar por cima das casas – desvia-te das nuvens, tolo, não vês que assim ficamos encharcados e temos frio?
Vamos, ajuda-me a abrir o fecho do vestido, nunca disse que era fácil mas não posso ficar com ele assim, molhado, junto ao corpo.
Vira a cara – não quero que me vejas agora, não quero que a tentação física te desvie do que realmente importa.
Vá, já podes, vesti o roupão e apetece-me dançar. Valsa? Tango? Rock and Roll? Não, não é isso: Zeca Afonso, apetece-me ouvir Zeca Afonso até me doerem os ouvidos (e é tudo o que aguento neste momento). Como é que se dança isso?! Com a alma meu rapaz, Zeca Afonso dança-se com a alma, com o corpo todo, com a mente: Zeca fervilha, é revolução bruta, forte! Dá cá a tua mão. Sente aqui, é o meu nervo do pescoço, viste? Isto sim, limpa-nos por dentro!
.
Abranda, por favor, não aguento mais. Toma-me nos braços e embala-me, shiu, para trás, para a frente, para trás, para a frente, para trás… Já estou de olhos fechados e respiração normalizada? Então deita, com cuidado, a minha cabeça na almofada, aconchega-me os lençóis e arruma os teus chinelos naquela ranhura do móvel. Depois, sai, de mansinho, deixa-me um bilhete debaixo de uma chávena de café forte e uma fatia de bolo-rei ao lado. Não te esqueças da boneca Maria, quero-a sentada no sofá, de pernas-à-chinês (perpetua comigo a infância).
Não precisas de chaves, a porta está aberta. Vai à tua vida – e não te esqueças de voltar, a tua casa é aqui.
Dá-me o braço e corre comigo estrada fora, em contra-mão, empurrando p
essoas, passeios e carros, e tudo o mais que nos aparecer pela frente. Leva-me a voar por cima das casas – desvia-te das nuvens, tolo, não vês que assim ficamos encharcados e temos frio?Vamos, ajuda-me a abrir o fecho do vestido, nunca disse que era fácil mas não posso ficar com ele assim, molhado, junto ao corpo.
Vira a cara – não quero que me vejas agora, não quero que a tentação física te desvie do que realmente importa.
Vá, já podes, vesti o roupão e apetece-me dançar. Valsa? Tango? Rock and Roll? Não, não é isso: Zeca Afonso, apetece-me ouvir Zeca Afonso até me doerem os ouvidos (e é tudo o que aguento neste momento). Como é que se dança isso?! Com a alma meu rapaz, Zeca Afonso dança-se com a alma, com o corpo todo, com a mente: Zeca fervilha, é revolução bruta, forte! Dá cá a tua mão. Sente aqui, é o meu nervo do pescoço, viste? Isto sim, limpa-nos por dentro!
.
Abranda, por favor, não aguento mais. Toma-me nos braços e embala-me, shiu, para trás, para a frente, para trás, para a frente, para trás… Já estou de olhos fechados e respiração normalizada? Então deita, com cuidado, a minha cabeça na almofada, aconchega-me os lençóis e arruma os teus chinelos naquela ranhura do móvel. Depois, sai, de mansinho, deixa-me um bilhete debaixo de uma chávena de café forte e uma fatia de bolo-rei ao lado. Não te esqueças da boneca Maria, quero-a sentada no sofá, de pernas-à-chinês (perpetua comigo a infância).
Não precisas de chaves, a porta está aberta. Vai à tua vida – e não te esqueças de voltar, a tua casa é aqui.
13 comments:
os teus textos temáticos, como sobre a fé ou sobre os exames nacionais, são, sem dúvida, brilhantes. fazem-me reflectir. mas estes textos, i mean, *estes* textos são carregados de uma energia pura. são carregados de ti - não querendo dizer que não estás em massa em cada ponto que defendes. e sim, são fofos e sabes que os adoro.
gostei de como desprezaste a moda e trouxeste o nosso querido Zeca Afonso até aqui. não é uma opção usual, infelizmente não, e só tu te irias lembrar disto. :)
pegando no que a joana disse... Ainda bem que trouxeste Zeca! Não esperava que gostasses mas ainda bem que gostas! pois é me querido também! ( ja agora quantas vezes ja te disse para nao postares textos que se referem a mim?! e depois admira-te que eu va e nao volte! :) ) Tá espectacular... Sinceramente nao sei aonde avis buscar isto! Adorei... (tal como os outros!) Beijos
Afonso Adão
Ju - São coisas muito diferentes. Estes conseguem ser até um bocadinho ridículos, são escritos de noite e partem um bocado daquilo que eu gostava de viver. Os outros são mais... Uma necessidade de expressão.
Obrigada minha Ju, obrigada. É tão bom contar contigo!
Afonso - Se eu gosto de Zeca Afonso?! Rapaz, eu não imagino a vida sem ele! Zeca, Adriano, Fanhais, Fausto, Jorge Palma, etc etc etc, são senhores sem os quais as colunas do meu computador pouca ou nenhuma utilidade teriam.
Obrigada, obrigada.
*Ana faz uma vénia*.
Ps - Não faças esse disparate de ires e não voltares, já me habituei aos teus comentários e ias ter que me ouvir na escola !
Além de seres uma das pessoas mais puras e perfeitas que conheço; além de escreveres lindamente e de eu adorar ler os teus textos, tens uns gostos musicais fantásticos! Todos esses homens com "H" grande que tu ai enumeraste completam-me praticamente desde que nasci e já não sei o que era de mim sem ouvir o que para mim é a verdadeira música portuguesa! Música com sentido e sentimento!
Tecnicamente o texto está bem escrito. Tenho-te dito e tenho dito também à minha namorada, que noto uma grande evolução na tua escrita. Este texto representa uma nova viragem na tua forma de escrever, parece-me.
É uma temática interessante, mas essencialmente é um texto inteligente e culto.
Parabéns.
Parabéns adorei o texto!!!
Madrinha como te adoro!!
Aproveito para te agradecer todo o apoio que me tens vindo a dar ao longo destas semanas, não sinceremente como seria a minha vida e a da tua mana sem ti. És me muito!
beijinho
lol.. "*Ana faz uma vénia*"
*Afonso desfaz-se em lágrimas!*
Beijos
Afonso Adão
Zé - Até corei, com esses elogios! É bom saber que tenho um amigo assim, é bom saber que te tenho desse lado, sempre, sempre, sempre. Obrigada (por tudo, por me ajudares a querer ser todos os dias um bocadinho melhor - talvez qualquer dia chegue a merecer o que disseste).
Não há melhor do que eles - que nos fazem inflamar, cujas letras e músicas nos põem a pensar e a sonhar, e a não deixar morrer Abril (e os seus ideais). Da próxima vez, além de Xutos, temos que dançar Zeca Afonso :)
Tiago - Tens comentado isso com a Anica?! Que honra! E a palavra é mesmo essa: é uma honra ouvir isso de ti e poder aprender com os teus textos. É uma verdadeira honra! Obrigada.
Inês - Afilhada de curso, também me faz bem a mim, sabes? Aprendo mais com vocês do que o que podes imaginar! És uma menina muito especial, minha Inês :)
Afonso - *Ana oferece a manga a Afonso* ^^
Lindo o teu post!
Eu também não me canso do Zeca...
Abraço
Rosa - Zeca, sempre presente!
O melhor post de sempre ! obrigada
sinto-me bem a ler estes textos, boa amiga.
gostei mesmo.
:D
João - Um dos melhores, quanto muito. E são todos bastante modestos.
Pedrinho - É tão bom saber isso!
Post a Comment