Wednesday, January 09, 2008

Minha querida:

A destruição iminente anda algemada com a nossa existência. Ainda assim, estamos constantemente a provocar a sorte, a atrair os problemas. A tendência para a auto-mutilação não nos dá tréguas.
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Somos frágeis, muito frágeis. Quebramos por nada, por pequenos incidentes. Guardamos uma mente de cristal num corpo de porcelana e, contra tudo o que seria razoável, passamos anos a acharmo-nos imortais. Ironicamente, são os anos em que nos provocamos, em que nos levamos ao limite. Não existe o “não poder/não dever”. A meta é o céu, antes disso somos apenas mariquinhas de saias.
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Até que, um dia, ganhamos medo. Muito medo, o medo frenético do arrependimento. Só nestes momentos é que percebemos o quão gostamos de nós mesmos (e de cá andar).
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A partir de agora, o objectivo é muito mais do que o céu: é a auto-absolvição. Marca a merda da consulta, quanto mais tarde pior.
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13 comments:

Tiago Ramos said...

Achei muito interessante esta tua temática e a sua abordagem. Parabéns.

Anonymous said...

O texto em si espectaculo!! nao há duvida!! podendo referir-se a várias temáticas!!! agora o final... é que eu não esperava... pode-se dizer que é um história com um final imprevisto!! Adorei!!
Afonso Adão

Raquel Costa said...

diferente e igualmente incrível.
e sim, a temática é muito boa.
gostei mesmo... racional e marcante.

adoro te ^^

SA. said...

Lembras-te de um poema de Álvaro de Campos em que ele dizia:
"Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!"?
Pois bem, aqui vai a minha cobardia- sou uma mariquinhas, mas uma mariquinhas sem saias, que nem para isso tenho coragem.

Luisa Oliveira said...

Tiago - Obrigada ^^

Afonso - Este não é um texto de ficção. É escrito para alguém real, com uma partida base muito marcada. Gostava que o final triunfante tivesse saído da minha cabeça, fosse ideia minha, mas, infelizmente (por esta razão que enunciei e pelo facto de não ser um assunto "bonito"), toda a "carta" foi escrita nesse propósito: de convencer a pessoa a marcar a consulta. De qualquer maneira, ainda bem que te agradou :)

Raquel - Obrigada minha querida, mesmo :) é bom saber que estás aí.

Sarinha - Conheço sim, e devo dizer-te que é dos meus favoritos. Quanto ao facto de seres uma mariquinhas, somos todos (ou, pelo menos, eu conheço muito poucas pessoas que o não sejam). A saia, é só um adorno, para aqueles que gostam de tapar o que é feio de se ver. Ainda bem que a não usas, ficas muito mais bonita assim.

Joana said...

é engraçado como somos de extremos. e ainda mais engraçado ver que os tais mariquinhas são mariquinhas nos dois lados opostos.

muito interessantes, mesmo.

Joana said...

ups, queria dizer interessante (referindo-me ao texto).

assim ficas com outro comentário. eheh ^^

Vitor said...

farto-me de dizer isso a metade de mim...

gostei do texto

beijo

Luisa Oliveira said...

Ju - Também acho interessante. Embora, por vezes, se torne é preocupante. Quando os extremos resultam no que lhes está na natureza: problemas.

Vsuzano - Obrigada, volta sempre :)

SA. said...

arcadia21.blogspot.com

se não participares nisto nunca mais te leio. Sim, é uma ameaça infantil, mas é assim mesmo.
E faça o favor de divulgar.

Anonymous said...

Disse-te tudo quanto podia dizer acerca do texto. * E volto e voltarei, sempre para o reler.

(Comichão.)

SaLomÉ said...

Atrair problemas, medo e arrependimento, vontade de continuar por cá... Tudo situações reais, e nem sabes o quanto a vontade de continuar por cá faz a uma pessoa. Há quem chore, quem tema, porém, devemo aproveitar enquanto cá estamos e não pensarno que virá...O que será,será e teremos de estar prontos para aceitar esse facto. Quanto à consulta, sei bem quem precisa de uma... :)

Luisa Oliveira said...

Sarinha - Não foi no primeiro mês, é agora. Está combinado.

Rita - Volta, lê, interioriza.

Mézinha - *