Wednesday, April 25, 2007

"A Morte saíu à Rua"


A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai


O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte: o Pintor morreu


Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou


Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação

Zeca Afonso

O Pintor não morreu, o Pintor foi assassinado.

Arrepio-me toda com esta canção.

Hoje sinto orgulho em ser portuguesa.

1 comment:

Rosa dos Ventos said...

E floriram!
Contudo é preciso que sejam regadas.
O terreno anda um pouco seco!
Mil beijos de Abril!