Wednesday, June 06, 2007

(O)pressão

Não é uma questão de mudança: suponho que tenha mais a ver com uma gradual influência de factores externos, mais do que com qualquer coisa. Não parte de ninguém, não faz parte de ninguém. É exterior. Estranho, muito estranho.

A influência do meio. Até onde é importante? Até quando? Às vezes penso nisso como numa forma de ópio: enquanto droga, que serve de desculpa e de (des)engano. Enquanto fuga de nós mesmos. Enquanto ilusão irrisória de que o que sentimos é real, é definitivo e é incontestável. Verdades dogmáticas que nos circundam e prendem, traduzindo-se num cativeiro algo honesto. Somos explorados porque isso nos dá prazer, porque ansiamos sempre por mais, porque nos entregamos de livre vontade e consciência, apesar de gritarmos insultos disfarçados de emoção. Fazemos da escravatura nossa escrava. Estendemos as mãos e pedimos que as amarrem. Inclinamos a cabeça e murmuramos um “muito obrigado” sumido.

Os voos são curtos. Mas plenos. Fugazes mas reais. Efémeros. E as quedas tristes, muito tristes. Mas (por vezes) sem lágrimas.

2 comments:

Joana said...

"já alguma vez tentaste tirar os pés do chão? eu já. e deu mau resultado.


(mas soube bem)"

Hugo da Graça Pereira said...

Podes cair e chorar, mas não bates no chão, porque eu não deixo!! =)