Tuesday, February 12, 2008

Praga - there.


(Num sussurro)

“- Fecha os olhos. Não, espera, antes disso quero que guardes a imagem de Praga à noite, vista da varanda do Castelo. Não sabes onde fixar os olhos e não consegues que eles abarquem todos os pormenores? É normal minha cara, é mesmo assim.
Vamos, fecha-os agora. Eu levo-te Escadas Douradas abaixo, uma a uma. Vamos, vamos! Deixa que a cidade entre em ti.
Chegámos à Ponte Carlos. Permanece de olhos fechados – e não vale a pena teres medo. Eu sei que o ambiente tem qualquer coisa de kafkiano, chega a ser místico e um pouco tenebroso – porém, belo.
Perguntas se as estátuas estão a apontar para ti? Evidentemente! Estão agora à tua volta, sempre a apontar. Deixa que te circundem, sempre sem medo (da tua parte). Todas elas são o retrato de santos que, mesmo que um dia tenham existido, nunca foram humanos e, portanto, não percebem que o que exiges de ti é tão ou mais transcendente do que a sua incontestável divindade.
Deixa-te estar e ouve a música. É Vivaldi, sim. Consegues perceber quantos violinos? Doze, nem um a mais, nem um a menos.
Abre o peito e deixar sair o sentimento que a Música Clássica te transmite. As estátuas estão a voltar para os seus lugares, venceste-as. Vão ficar aqui, onde sempre estiveram, a guardar o rio e atormentar turistas que nem se aperceberão da origem da súbita agonia.
Parece-me que chega, por hoje. Desperta todos os sentidos, vamos voltar à Portela.”

8 comments:

Anonymous said...

Fogo que inveja... eu tambem quero tar lá! Quero tar rodeado de estatuas! quero ver essa paisagem... Fogo nao me convides que não é preciso! :(
nao gosto de ti!
lol... beijinhos Afonso Adão!

Tiago Ramos said...

Que bonito texto, Luísa. Espero que estejas ainda a desfrutar da experiência. =)

Raquel Costa said...

o mundo e' feito para isso mesmo meu amor...
explorarmos cada canto faz-nos mais e melhores, não existe explicação transparente para os cheiros, as cores, os sons, as pessoas e as vivências que nos despertam os sentidos e nos fazem viver noutra dimensão. Procuramos sempre a nossa identidade no meio da diferença, o que é semelhante ao nosso modo de vida, mas o que levamos connosco é a diferença... aquela imagem perfeita, a moldura que nos fica para sempre.
No final voltamos a onde pertencemos...às cores quentes, aos cheiros extasiantes, às pessoas que carregam as suas histórias de vida e a experiência no rosto e, em cada rua se escutarmos cvom atenção conseguimos ouvir aquela música que toca o sentimento (o fado da Amália e o fado das nossas vidas).
Sim, estamos no nosso lugar, é disto que precisamos por mais duro que seja. O que fica para trás são recordações de outros lugares que pertencem a outras gentes e, que nos enchem o coração e nos deixam sentir por momentos o que é pertencer a esse outro lugar.
Viajar é sem dúvida um óptimo exercício da mente!
Espero que tenhas gostado meu bem.
Como sempre amo o que escreves ;)

beijo
adoro-te
DIA 11

Anonymous said...

Era lindo! Nós e o resto dos sainëttës todos em Praga! =)

Anonymous said...

Praga, se formos a ver tudo tem o seu segundo sentido, quando as coisas são novas são tambem elas mais extasiantes e excitantes, parece que à primeira olhadela, ao primeiro respirar vem toda a sua alma ! amava ter ido ! Saudades tuas tantas ! tantas ! apaguei o hi5 ! nao m é mais necessário, desisti de tanta monotonia e do tambem ridiculo ! vou dedicar-me somente a isto ! :D aparece com mais frequencia ! amte sainëttë

Joana Providência said...

oh, comentaste o meu blog! :) ele está encerrado, já nao ia lá há quase um ano, por isso só vi o comentário hoje... sabes, adoro o formal slang, adoro a maneira como escreves... quase todos os dias venho cá, ver se há actualizações!
:)
beijinhos *

Joana said...

claro que te pareceu ver-me por lá. tu levas-me sempre contigo. eu estava lá a olhar por ti :)

Luisa Oliveira said...

Afonso - Mais em resposta ao teu comentário anterior do que a este (e porque sim, tens razão, mereces uma explicação mais completa), tenho a dizer-te que todos precisamos de sentir a liberdade das malas de vez em quando. É bom ir abrir horizontes, conhecer sítios novos - tendo como base que tudo só faz sentido se tivermos onde regressar. A vida é uma tentativa constante de nos encontrarmos e, consequentemente, de encontrarmos um lugar onde encaixemos. Há que ir fazendo experiências :)

Tiago - Já acabou. Mas continuamos sempre a desfrutar das coisas boas, mesmo depois de terem acontecido. Obrigada ^^

Raquel - Que bonito comentário. E é isso mesmo, pouco ou nada tenho a acrescentar. Saber-te aí faz com que o regresso seja ainda melhor, seja desejado. Obrigada Amiga.
Dia 11.

Zé - Nós e os Sainettes é lindo em qualquer lugar. Lá, seria ainda melhor :)

Catarina - :) Em resposta à tua mensagem, sim, novo encontro. Para quando? (Não vale a pena perguntar onde).

Joana - É uma pena que o tenhas encerrado, a escrita é um óptimo exercício de expressão. Espero que não tenhas parado, mesmo sem blog. Oh, obrigada * Espero que continues a gostar!

Ju - Sim, era isso! É sempre isso, aliás!