Todos temos lobos debaixo da cama ou dentro do armário. É esta a minha opinião sincera. Acontece que, depois de algum tempo de convivência, deixamos de os temer e passamos a coexistir com eles.
Dantes corríamos para a cama dos pais. Chorávamos, tapávamos a cabeça com os lençóis. Dormíamos com a luz acesa, abraçados à almofada ou a um daqueles peluches de pêlo macio.
Entretanto crescemos (e os lobos também) e fomos acumulando toda uma outra série de bichos, monstros mais ou menos assustadores com quem partilhamos as noites e os Domingos chatos. Mas estamos tão habituados a eles e eles a nós que chegamos a ter confiança para fechar a porta do armário ou espreitar para debaixo da cama e dizer: “Xiu, deixa-me dormir”.
Não que eles sejam inofensivos, claro. Continuam a ter garras e dentes afiados. E obviamente não deixaram de rugir e uivar para aprenderem a miar. Mas estão mais mansos: chegam a ronronar quando lhes passamos a mão pelo dorso.
Um novo lobo é sempre difícil de domesticar. Salta-nos em cima a meio de um sonho, dá-nos murros que se traduzem em olheiras escuras e profundas, arranca-nos os cabelos um a um (ou pinta-os de branco), faz-nos bater com a cabeça nas paredes. No fundo, acrescenta-nos um pouco mais de loucura. Mas continuamos a ser nós os seres racionais que, mais tarde ou mais cedo, ganham a luta.
É um círculo vicioso. Lobo atrás de lobo, monstro a monstro, fera a fera, construímos um caminho que nunca chegamos a perceber bem qual é. Agigantamo-nos, aumentamos, amadurecemos. O que não podemos mesmo é deixar de querer procriar lobos. Porque no dia em que isso acontecer, morremos por dentro.
Como o Pedrinho me perguntou (e que bem perguntado Pedrinho!): “quando conseguimos o que queremos, será que ainda queremos o que conseguimos?”. Claro que não. Queremos sempre mais, e ainda bem que assim é (desde que a ambição não seja desmedida). Porque no dia em que dissermos, definitivamente, “estou bem assim, não faço mais nada”, conformamo-nos. E o conformismo é, definitivamente, um veneno coercitivo.
(No entanto Pedrinho, ficamos muito felizes quando conseguimos o que queríamos. E matamos uns quantos lobos rebeldes).
Dantes corríamos para a cama dos pais. Chorávamos, tapávamos a cabeça com os lençóis. Dormíamos com a luz acesa, abraçados à almofada ou a um daqueles peluches de pêlo macio.
Entretanto crescemos (e os lobos também) e fomos acumulando toda uma outra série de bichos, monstros mais ou menos assustadores com quem partilhamos as noites e os Domingos chatos. Mas estamos tão habituados a eles e eles a nós que chegamos a ter confiança para fechar a porta do armário ou espreitar para debaixo da cama e dizer: “Xiu, deixa-me dormir”.
Não que eles sejam inofensivos, claro. Continuam a ter garras e dentes afiados. E obviamente não deixaram de rugir e uivar para aprenderem a miar. Mas estão mais mansos: chegam a ronronar quando lhes passamos a mão pelo dorso.
Um novo lobo é sempre difícil de domesticar. Salta-nos em cima a meio de um sonho, dá-nos murros que se traduzem em olheiras escuras e profundas, arranca-nos os cabelos um a um (ou pinta-os de branco), faz-nos bater com a cabeça nas paredes. No fundo, acrescenta-nos um pouco mais de loucura. Mas continuamos a ser nós os seres racionais que, mais tarde ou mais cedo, ganham a luta.
É um círculo vicioso. Lobo atrás de lobo, monstro a monstro, fera a fera, construímos um caminho que nunca chegamos a perceber bem qual é. Agigantamo-nos, aumentamos, amadurecemos. O que não podemos mesmo é deixar de querer procriar lobos. Porque no dia em que isso acontecer, morremos por dentro.
Como o Pedrinho me perguntou (e que bem perguntado Pedrinho!): “quando conseguimos o que queremos, será que ainda queremos o que conseguimos?”. Claro que não. Queremos sempre mais, e ainda bem que assim é (desde que a ambição não seja desmedida). Porque no dia em que dissermos, definitivamente, “estou bem assim, não faço mais nada”, conformamo-nos. E o conformismo é, definitivamente, um veneno coercitivo.
(No entanto Pedrinho, ficamos muito felizes quando conseguimos o que queríamos. E matamos uns quantos lobos rebeldes).
6 comments:
pior se ao nao conformar, nunca mais conseguir chegar ao proximo "degrau" para nos conformarmos. e depois pensamos: "devia de ter ficado por ali".
posso estar nessa situação, mas pra isso encontrei solução - sou feliz através do insistir, e não através do conformar. "quero mais!" ;-)
Todos nós temos os nosso monstros de estimação.
Uns vivem debaixo da cama, outros na nossa imaginação.
Mas eles estão lá por uma razão...
Para nos ajudar a crescer e a definir aquilo que um dia nos tornaremos... quando formos grandes.
Por isso é bom que eles existam. Que sejam muitos e ferozes. Porque é no processo de domesticação que está o verdadeiro desafio. Quanto mais monstros se tornarem nossos amigos, melhor nos definimos enquanto pessoas e mais bem preparados ficaremos para os que irão, sem dúvida, aparecer no futuro.
O que interessa não é o objectivo final mas sim o caminho que percorremos para lá chegar.
Beijos.
buhh.
Debaixo da cama ultimamente só encontro pó e dentro do armário roupa que não me serve!
;-))
Desculpa a brincadeira no meio de um assunto tão sério!
epa, seguindo o pensamento da nossa cara rosa dos ventos, provavelmente o pó acumulado e as roupas que não te servem hão-de ser os teus grandes lobos quando cresceres!! =P esses e mais um outros que já te expliquei estarem inerentes à carreira que vais seguir! =P
Epa, os meus lobos não me chateiam demasiado sabes. O truque é não lhes dares importância excessiva! A sua energia para lutar contra nós somos nós que lhes damos. Epa, é naquela, querem uivar? Uivem p'aí toda a noite, amanhã estão roucos e afónicos e quem se ri sou eu! =)
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